A escrita na Educação Infantil


     

Letra A • Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2014, 15:19:00

Por Clara Tannure

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil definem currículo como sendo "o conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade". Esse conjunto de práticas deve ser capaz de provocar, nas crianças, o desejo de saber mais e deve dar a elas as condições materiais e intelectuais para realizar suas investigações em áreas de seu interesse.

Assim, as crianças são estimuladas a aprender sobre o sistema de escrita porque necessitam, por exemplo, registrar uma informação que julgaram muito importante para o que estão estudando, ou para ler algo que lhes ajudará a conhecer mais sobre determinado assunto. Nessa perspectiva, não faz sentido, por exemplo, treinar as crianças para decorar o nome das letras. “As letras não devem ser trabalhadas separadamente nessa fase, como um conjunto de símbolos, mas sim onde elas estão vivas. As letras separadas para uma criança não têm muito sentido. Elas têm vida nos textos, nas palavras”, afirma Denise Lopes.

Evangely Maria Oliveira, coordenadora da UMEI Alaíde Lisboa, na UFMG, conta como a linguagem escrita é trabalhada ali, corroborando a ideia de partir de algo em que a letra tem vida: “O primeiro contato que o aluno da Educação Infantil tem com as letras é a partir de seu nome, que é o elemento principal que vai desencadear o reconhecimento das letras, porque a partir daí começam a surgir comparações entre os nomes deles com nomes dos colegas, das professoras, das histórias que são contadas para eles, e assim por diante”.

Ainda que para muitos a alfabetização formal aconteça no Ensino Fundamental, de acordo com o professor Levindo Diniz, esse processo se inicia bem antes. “A gente vive na Educação Infantil hoje uma tensão permanente da necessidade do investimento de tempo nas atividades de leitura e de escrita”, afirma. Atento a esse ponto, Levindo Diniz defende que as linguagens não podem ser trabalhadas apenas como um suporte para desenvolvimento da leitura e escrita. “Muitas vezes essas outras linguagens estão sendo colocadas a serviço exclusivo do processo de leitura e de escrita”, conta.


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