A formação continua

Segundo encontro do PNAIC com professores da Educação Infantil no ano ocorre na Faculdade de Educação da UFMG


     

Acontece • Quarta-feira, 18 de Abril de 2018, 16:21:00

 

Teve palco na Faculdade de Educação (FaE) da UFMG o segundo encontro presencial de formadoras e formadores da Educação Infantil do PNAIC 2018. O evento, realizado nos dias 17 e 18 de abril, contou com a presença de cerca de 350 professores de vários municípios de Minas Gerais. Novamente, na parte da manhã ocorreram as atividades culturais e as mesas redondas, e à tarde as atividades de formação em salas de aula da FaE. Em maio, nos dias 8 e 9, ocorre o terceiro e último encontro voltado para a EI em 2018.            

O primeiro dia contou com uma abertura diferenciada, com o cantor e multi-instrumentista Márcio Levy realizando uma dinâmica cultural com as professoras e formadoras presentes, que envolveu a música, a imitação e a interação em uma série de brincadeiras participativas. Em seguida, o encontro teve a participação da convidada Ana Luiza Smolka, professora e pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), e das professoras Ana Cristina Gonçalves Carvalho e Rosalba Rita Lima, que fazem parte da gestão da UMEI Pés no chão, na cidade de Contagem (MG), além de também atuarem diretamente no processo de ensino.

O músico Márcio Levy divertiu o público com suas dinâmicas

Após as brincadeiras realizadas com as professoras da plateia, Ana Luiza iniciou a mesa do dia com o tema “Uma perspectiva dialógico-discursiva para o trabalho com a infância”, com o qual, partindo da exibição de um trecho do documentário Babies (2010, dir. Thomas Balmès), deu início à problematização de algumas questões relativas às diferentes condições do desenvolvimento humano e como esse conceito é entendido ao longo do tempo. Ela, em seguida, traçou paralelos entre a relação do desenvolvimento com os problemas da educação, partindo de uma perspectiva que coloca esse processo como algo que se baseia em apropriações. Assim, segundo ela, o fazer e o atuar dos professores, dentro de uma dinâmica que se estabelece entre professor, aluno e conhecimento, deixa marcas no desenvolvimento das crianças. Além disso, a partir de gravações de algumas situações de brincadeiras feitas por alunos da Educação Infantil em sala de aula, Ana Luiza buscou demonstrar como cada criança, no momento em que se apropria da cultura, também tem o potencial de deixar suas marcas.

 

De um grande desafio, uma grande transformação

Da esquerda para a direita: as professoras Ana Luiza Smolka, Rosalba Rita Lima e Ana Cristina Gonçalves Carvalho

Depois da primeira fala, as professoras Rosalba Rita, que também é formadora regional do PNAIC e pedagoga da UMEI Pés no Chão, e Ana Cristina, formadora local do PNAIC e diretora da mesma UMEI, relataram sua experiência a partir dos desafios lá encontrados e as soluções que elaboraram. Partindo de uma situação de falta de espaço físico e equipe adequados, elas pensaram em uma mudança curricular ligada à experiência, em que as crianças vivem, considerando também os vários sujeitos envolvidos em sua educação e vivência. Assim, elas estabeleceram um modelo de ensino que quebrou as lógicas de separação entre turmas e entre crianças de idades diferentes, além de estruturar as aulas em formato de laboratórios semelhantes a ateliês. Com isso, segundo elas, houve uma melhor utilização do espaço, o interesse das crianças aumentou, as atividades contemplaram melhor a própria experiência e individualidade das crianças, além de muitos outros benefícios.

Após esse relato, as palestrantes abriram espaço para blocos de perguntas dos professores e formadores da plateia, no que foram discutidas muitas dúvidas quanto à aplicação prática de alguns conceitos apresentados.

 

Poesia move

A MC Isabela Alves, conhecida como Belinha, comandou a apresentação cultural do segundo dia

O segundo dia da programação iniciou regado à poesia. O grupo de Slam Clube da Luta trouxe apresentações artísticas para o auditório da FaE, causando emoção e admiração nos participantes do evento. O slam é uma competição entre poetas, em que as poesias, originais e geralmente de teor questionador e em prol de lutas de minorias, são interpretadas e performadas por seus autores.

Os jurados da competição, cinco professoras participantes do PNAIC escolhidas na hora, podiam dar notas de 0 a 10 aos poetas. Rogério Coelho (Grupo de Slam Clube da Luta e do coletivo Coletivoz) e Isabela Alves (conhecida como Belinha, Slam das Manas e, também, do Coletivoz), mestres de cerimônia do Slam, explicaram que as notas são dadas para além da qualidade técnica da poesia: o que conta mais é o conjunto ‘performance e conteúdo’ e a emoção que ele causa.

Jéssica Rodrigues foi a vencedora do slam promovido pelo grupo Clube da Luta

Nos Slam’s, geralmente, antes de cada apresentação dos poetas, há um “grito de guerra” que é puxado pelo mestre e acompanhado pelo público. Nessa manhã, o grito foi o tradicional do grupo Clube da Luta: “A voz! A luta!”. Ao todo, foram sete poetisas a declamar suas obras: três do grupo e quatro professoras que se voluntariaram. A vencedora desse slam, Jéssica Rodrigues, impressionou o público, que aplaudiu de pé, e recebeu, unanimemente, nota 10 dos jurados. As professoras e professores se animaram bastante com o slam, que era novidade para muitos.

 

Leitura e escrita na Educação Infantil

Depois da apresentação artística, as professoras Andrea Pinheiro Tomaz de Carvalho (UMEI Jardim Laguna, Contagem), Rosângela Mirian Silva, Juliene de Lizandra Gonçalves, Jean Santos Andrade, Eldine Oliveira Silva (UMEI Paulo VI, Belo Horizonte) e Mônica Correia Baptista (UFMG) foram chamadas para compor a mesa de debate que viria a seguir.

Inicialmente, a professora Andrea Carvalho aproveitou o gancho do Slam para trazer a provocação e questionamento aos professores do porquê paramos de fazer poesia ao longo do tempo. Depois, apresentou sua pesquisa através de uma breve palestra intitulada: “Um olhar sobre a criança e seu direito ao acesso à linguagem escrita na educação infantil”. Nela, a professora defendeu o direito da criança de conhecer a linguagem pensando na sociedade grafocêntrica em que vivemos. Por isso seria importante trabalhar a escrita e a leitura, com foco em escutar a criança e tendo o professor como mediador. Realizando esse trabalho, os professores estariam despertando o interesse da leitura na criança desde cedo e dando mais uma oportunidade para que elas possam criar.

Mesa do segundo dia teve como tema principal a leitura e escrita na EI

Após a fala da professora Andrea, as professoras do UMEI Paulo VI apresentaram os trabalhos realizados lá através de alguns relatos de experiência, sobretudo em relação ao berçário. Neles, o que foi falado foi principalmente sobre despertar a confiança na criança e como, através de atividades simples, como leitura cantada de histórias infantis, pode-se inserir a criança na cultura letrada.

A seguir, a professora Mônica lembrou aos presentes que 18 de abril é o Dia Nacional da Literatura Infantil, data de nascimento do escritor Monteiro Lobato. Em homenagem ao dia, a professora fez a leitura de um trecho do livro “Memórias de Emília”, do autor homenageado no dia 18 de abril. Após isso, Mônica pediu que os presentes se reunissem em grupos para formularem perguntas visando fomentar o debate, e os integrantes da mesa responderiam aos questionamentos.

Perguntas relacionadas ao protagonismo infantil no trabalho do letramento e a escrita na pré-escola, futuro das crianças e em que momento as crianças são imersas na cultura letrada foram temas do debate. A professora Mônica iniciou esclarecendo que mesmo os bebês recém-nascidos já são contextualizados com o mundo da escrita, letramento e formação de sentido. Ela seguiu dizendo da importância em se inserir as crianças desde a primeira infância no universo da escrita e leitura, mas não as ensinando a ler e a escrever, e, sim, ampliar as experiências nas diferentes áreas de interação.

A professora esclareceu, ainda, que a preocupação com essa faixa etária não deve ser “o que ensinar?”, mas, sim, “como ensinar”. Mônica trouxe a ideia, também, de se ir além da pedagogia no ensino, pensar também na psicologia da infância, psicogêneses, psicanálise, entre outras áreas. Por fim, ela argumentou sobre a importância da experimentação e de confiar nos saberes das crianças.

Mais

Confira as poesias recitadas no slam que ocorreu no segundo dia do PNAIC Pré-escola.

Assista às mesas de debate do primeiro e do segundo dia de PNAIC.

Veja como foi o primeiro encontro do ano da EI.