A produção acadêmica na berlinda

Clima de debate e provocação na tarde de segunda: quais os desafios das pesquisas acadêmicas sobre alfabetização?


     

Acontece • Quarta-feira, 10 de Julho de 2013, 17:24:00

Coordenada por Lázara Nanci de Barros Amâncio, a mesa “Sentidos da alfabetização nas pesquisas acadêmico-científicas brasileiras” inaugurou os debates do I CONBAlf, na tarde desta segunda-feira (8). A mesa contou com a participação de Francisca Izabel Pereira Maciel (FaE/UFMG) e Maria do Rosário Longo Mortatti (UNESP-Marília) como expositoras e Diana Vidal (FEUSP - CA-Educação CNPq) como debatedora.

Francisca iniciou a conversa com dados sobre a produção de pesquisas acadêmico-científicas brasileiras: em sua pesquisa, foram encontradas 1661 teses e dissertações sobre o tema da alfabetização. A maior parte dessas pesquisas foi feita nos anos 90, em virtude do Ano Internacional da Alfabetização declarado pela Unesco.

Além das tradicionais pesquisas em Educação, Letras e Psicologia, diversas áreas não convencionais abordaram a alfabetização, como medicina, ciências sociais, antropologia, fonoaudiologia e psicobiologia. `Para Francisca, essa apropriação traz novos olhares e contextos para o assunto. Mas a pesquisadora ressaltou alguns problemas que ainda são comuns na produção de teses e dissertações sobre o assunto: muitas vezes, as pesquisas apresentam pouca densidade teórica, são redundantes, repetitivas e se apóiam apenas em autores clichês.

Um grito sobre a produção acadêmico-científica 

O que acontece com as teses sobre alfabetização? Qual o impacto social e científico dessas pesquisas? Foi com essas questões que Maria do Rosário Mortatti deu continuidade ao debate.Para a pesquisadora da Unesp, a produção científica não chega a quem de fato alfabetiza. Mortatti defende que a produção acadêmica precisa ter impacto social e científico, para além da circulação em periódicos qualificados.

Convidando os pesquisadores a ousar, a pesquisadora sugere que as pesquisas superem modismos, buscando alcançar temas necessários para lidar com os problemasda alfabetização.

Construindo o novo a partir do velho

Diana Vidal abordou um tema ao avesso: a não-aprendizagem. Já que muitas crianças possuem dificuldades em ler e escrever, é preciso repensar as práticas utilizadas, fazendo um resgate histórico da alfabetização.

Segundo Diana, o conhecimento histórico dos métodos de alfabetizar é essencial para reinventar as práticas de ensino. “Superar é construir o novo a partir do velho. Na superação, há sempre um elemento de novo, mas também um elemento de reflexão sobre o que precisamos conservar.”