Intercâmbios sobre letramento

Abertura do Colóquio Internacional sobre Letramentos Acadêmicos discute a internacionalização da escrita acadêmica


     

Acontece • Quinta-feira, 03 de Setembro de 2015, 14:21:00

Da esquerda para a direita: Míriam Jorge (professora da FaE/UFMG) Adelina Martha dos Reis (Pró-Reitora de Pesquisa da UFMG); Juliane Corrêa (Diretora da FaE/UFMG); Graciela Ravetti (Diretora da FALE/UFMG); Sérgio Cirino (Diretor de produção científica da PRPq).

“Alunos não sabem escrever”: esse é o pensamento dominante no meio acadêmico em muitos países, afirmou o professor Brian Street, do King’s College (Londres), na abertura do 1º Colóquio Internacional sobre Letramentos Acadêmicos: leitura e escrita em contextos educacionais, realizada na tarde de quarta-feira (02/09).

Street, um dos organizadores do evento, explicou que uma das propostas do Colóquio é desafiar essa visão, refletindo sobre como ensinar os professores a ajudar seus alunos com sua escrita, pensando sobre o letramento não apenas como uma habilidade linguística a ser ensinada.

Conhecer o que vem acontecendo no Brasil e na América Latina em relação aos seus alunos e aos seus quadros, de uma perspectiva internacional e baseada no diálogo, é o direcionamento do Colóquio.

 

Linguagem, educação e letramentos acadêmicos

Na primeira mesa do dia, a professora Anna Robinson-Pant, da Universidade East Anglia (Reino Unido), propôs que o letramento deve sair de uma agenda reativa (passiva) para uma abordagem transformativa (baseada em valores, em diálogo), problematizando três casos de sua pesquisa: alunos estrangeiros que fazem doutorado no Ensino Superior do Reino Unido; a comercialização do Ensino Superior no Reino Unido; e a geopolítica da escrita e da publicação acadêmica.

A professora refletiu sobre as dificuldades que os alunos estrangeiros de doutorado (caso 1) encontam para se comunicar e escrever em uma segunda língua: “nós nos comunicamos, mas não nos entendemos”. Outra questão abordada foi o problema do envolvimento do setor privado no Ensino Superior (caso 2) e como “as nossas instituições estão sendo moldadas por práticas comerciais”. Pant nota que publicar material acadêmico em universidades de outro país também é um problema, na medida em que, apesar de materiais muito bons dos países em desenvolvimento chegaram para avaliação, o modo como são escritos é uma barreira ao passarem pelo processo de análise.

Após a professora Pant, o professor David Bloome, da Universidade de Ohio (EUA), discutiu sobre o ensino e a aprendizagem da escrita argumentativa. Segundo o professor, a escrita argumentativa está baseada em eventos e práticas sociais, é uma escrita com a qual as pessoas “agem e reagem umas com as outras”. Bloome, que realiza sua pesquisa no nível do Ensino Médio, refletiu sobre como estimular a escrita argumentativa nas escolas.