Ritalina: será que vale a pena?

Pesquisadores alertam que o uso do remédio pode bloquear sonhos e questionamentos


     

Geral • Sexta-feira, 23 de Agosto de 2013, 15:30:00

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Provavelmente você já ouviu falar da ritalina, certo? Esse é um medicamento que vem sendo usado para tratar crianças e adultos diagnosticados com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Mas tanto o medicamento quanto a doença têm gerado polêmica. Usada para tratar um transtorno que desperta desconfiança devido a uma “epidemia de diagnósticos”, a ritalina pode causar dependência e até limitar a criatividade das crianças, de acordo com pesquisadores, psicólogos e pediatras.

Em entrevista ao portal Unicamp, a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade, aborda a forma de ação e os efeitos colaterais da ritalina. A droga age como um estimulante do sistema nervoso central, assim como agem a cocaína e as anfetaminas. Como é possível que o usuário desenvolva uma dependência ao remédio, ele está sujeito a crises de abstinência, além de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos e alucinações.

De acordo com Maria Aparecida, quem está sendo medicado são “as crianças questionadoras (que não se submetem facilmente às regras) e aquelas que sonham, têm fantasias, utopias e que ‘viajam’.” Ela afirma ainda que bloqueando quimicamente os questionamentos, podemos estar dificultando ou impedindo a construção de um futuro diferente.

Em um vídeo bastante didático, Ken Robinson, autor e consultor na área de educação, também questiona o diagnóstico excessivo de crianças como portadoras de transtornos de déficit de atenção. Ele levanta a questão de que vivemos numa sociedade com inúmeros estímulos – computadores, propagandas, iPads – onde é exigido, ao mesmo tempo, que as crianças prestem atenção em coisas entediantes, como testes escolares padronizados. Para ele, ao invés de deixarmos as crianças viverem o momento, experimentarem o seu lado artístico, estamos as anestesiando e preparando para um modo de ensino que serve aos modelos industriais.

Ken aponta ainda que os Estados Unidos vivem uma falsa epidemia de diagnósticos de Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), pensamento que também é defendido pela pediatra Maria Aparecida. “Estamos falando de uma Era dos Transtornos – uma epidemia dos diagnósticos”, ela afirma.

Veja a entrevista e o vídeo completos.