Sendo menina no Brasil

Pesquisa entrevista meninas de 6 a 14 anos para investigar a diferença de gênero no país


     

Geral • Quinta-feira, 17 de Outubro de 2013, 12:45:00

“O bom de ser menina é ser importante por ter nascido, pelo fato de, cada vez mais, conquistar seus direitos. Ser menina não é diferente de ser menino, pois somos seres humanos”. “Ser menina é ser muito ansiosa para se maquiar, se olhar no espelho...”. "Menina é como uma escrava, porque nós temos que cozinhar, passar, lavar, cuidar do irmão, da irmã e tudo mais". Essas são algumas das frases coletadas na pesquisa “Por ser menina: Percepções, expectativas, discriminações, barreiras, violências baseadas em gênero e em habilidades para a vida das meninas de 6 a 14 anos nas cinco regiões do Brasil”, feita pela PLAN Brasil.

Na pesquisa, foram entrevistadas meninas dos estados do Pará, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Rio Grande do Sul. Um dos resultados que mais se destacaram foi relativo às tarefas de casa. Enquanto 81,4% delas arrumam a própria cama, apenas 11,6% dos irmãos realizam essa atividade. E enquanto 76,8% das meninas lavam a louça, apenas 12,5% dos meninos fazem isso.

As perguntas relativas à escola também revelam dados importantes. Quase 40% das meninas entrevistadas afirmam que o caminho de casa até a escola não é seguro. 20,2% delas acreditam também que há diferença de tratamento na escola com meninas de diferentes cores e etnias e 9,5% não se sentem bem quando estão na escola. Além disso, 57,3% acreditam sofrer mais violência por serem meninas.

Apesar dos resultados negativos, 88,9% delas se sentem felizes por serem meninas e 84,9% se sentem orgulhosas disso. Quando perguntadas se preferiam nascer menina ou menino, 90,3% escolheriam a primeira opção. No entanto, 7,5% das entrevistadas disseram não gostar de ser menina. Uma delas afirma que “gostaria de ser menino porque eu acho que meninos são mais respeitados, e eu gosto de fazer o que eles fazem, por exemplo: jogar bola, futebol, videogame e sair sem que seus pais o sigam”. Outra diz que preferia ser menino “porque não iriam falar que sou indefesa”.

Através dos resultados da pesquisa foi possível perceber que o trabalho doméstico ainda demanda das meninas boa parte de sua infância – o que acontece pouco com os meninos. É o que explica a assessora nacional de Gênero e Segurança Econômica da Plan International Brasil, Célia Bonilha: “O estudo comprova que simplesmente pelo fato de serem meninas elas continuam sendo tratadas como a pessoa responsável pelas tarefas domésticas, o que tira delas parte importante de sua infância quanto ao direito de brincar, estudar e de não assumir tarefas em substituição de adultos”.
 

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