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Longo caminho entre o pensar e o fazer

Esta dissertação tem como objetivo delinear um quadro da disciplina Conteúdo e Metodologia de Língua Portuguesa, nas escolas de magistério da rede oficial do Estado de São Paulo, delimitando a importância do ensino da disciplina na formação dos futuros professores que ministrarão aulas de leitura nas séries iniciais. Foram realizados oito encontros, durante o ano de 1992, com duração de 4 horas. Os 39 professores responderam a um questionário-diagnóstico, entregaram o planejamento relativo ao ano de 1992, além de gravações em sala de aula e dos depoimentos de cada um. O grupo entrevistado está inserido em um quadro raro hoje na escola pública. Todos têm formação completa em 3o grau, alguns inclusive com dois cursos completos. A maior parte dos entrevistados conta com a experiência profissional anterior, nas séries iniciais do 1o grau, o que lhes proporciona uma visão pragmática do ensino. Essas práticas é que sustentam a ação docente nas áreas das metodologias específicas e não o conhecimento acadêmico propriamente dito. Para os entrevistados, o objetivo básico da disciplina CMLP é: ensinar os futuros professores a ensinar as modalidades lingüísticas para crianças da pré-escola e séries iniciais do 1o grau. Contudo, destacou-se na pesquisa que o professor de CMLP não se sente preparado para ministrar a disciplina dentro das linhas propostas pela SEE e ao mesmo tempo vive uma crise profissional diante das transformações dos atuais paradigmas. A contradição política da SEE faz com que cada professor determine de acordo com seu conhecimento o currículo de CMLP. Ao discernir princípios pedagógicos e didáticos gerais, os professores não conseguem especificar o que entendem por objetivos e conteúdos específicos de CMLP e recorrem basicamente à linguagem múltipla de significação, criando a idéia de um currículo mais formativo do que instrutivo, como se instrução e formação não fossem forjadas em um mesmo campo. Se é importante que o professor tenha espaço de decisão curricular, não menos o é que os órgãos representativos da sociedade delimitem esse espaço. Isso demanda a definição de uma política educacional explícita pelo próprio Estado, em nível de território nacional, principalmente, para a escola básica. Para ser agente da cultura, o professor deve procurar primeiro, compreender-se frente à cultura já existente, formalizada e defendida pela classe dominante. Conclui-se portanto, que a função educativa demanda uma reflexão sobre a qual o conhecimento se deve transmitir, uma sólida formação sobre a Disciplina que se pretende ministrar, uma autonomia para investigação e reformulação da própria prática.

Nome do Autor: Zuleika de Felice Murrie
Nome do Orientador: Alice Vieira
Instituição: Universidade de São Paulo
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 1995
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: MURRIE, Zuleika de Felice. Longo caminho entre o pensar e o fazer. 1995. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995.