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Alfabetização: uma interpretação sóciolinguística

A partir do pressuposto de que há uma distância entre a variedade lingüística utilizada pela escola para ensinar a língua escrita e a variedade lingüística utilizada pelo aluno, o trabalho objetivou estudar o processo de alfabetização, do ponto de vista da Sociolingüística, desenvolvido numa escola estadual de Vitória com alto índice de reprovação, buscando compreender como se relacionavam as características lingüísticas do dialeto do aluno com as características lingüísticas do material didático usado na alfabetização, sob o ponto de vista sintático, verificando se ocorriam bloqueios na interação criança/texto escrito. A observação foi realizada durante o segundo semestre de uma 1a série, classe de alfabetização, e prosseguiu na segunda série da mesma classe, que dava continuidade ao processo de alfabetização. Os procedimentos foram: observação participante, análise documental (cartilha e o manual do professor, produção das crianças e ficha de matrícula), e entrevistas com a professora. São analisados: as características sintáticas da fala e da escrita infantil e dos enunciados da cartilha, o nível de complexidade sintática do discurso infantil e da cartilha, o nível de artificialidade nas relações entre criança e língua, o grau de textualidade dos textos propostos às crianças, a descontinuidade entre fala e escrita, os pressupostos da ação alfabetizadora e o relacionamento interpessoal na classe de alfabetização. A autora conclui que: a escrita infantil não reproduz a fala, mas reflete a cartilha; a escola inibe e desestimula a criança no sentido de que esta se aproprie da escrita para dela fazer outros usos além do escolar; o bloqueio entre a criança e a escrita é resultado do controle da linguagem e de formas de comportamento social; a alfabetização fundamenta-se numa concepção mecanicista de língua; o continuum fala/escrita é interrompido pela ação alfabetizadora, e a língua escrita é artificializada; o processo leva a criança ao sentimento de que é desagradável escrever. A autora afirma que o modelo de língua escrita oferecido pela escola tem papel decisivo na produção escrita infantil.

Nome do Autor: BALARINI, Marluza de Moura
Nome do Orientador: Euzi Rodrigues Moraes
Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo
Estado:
Ano Publicação: 1987
Curso:
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Sociolingüistica
Assunto:Cartilhas
Referência:

BALARINI, Marluza de Moura. Alfabetização: uma interpretação sóciolinguística. Vitória: PG em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, 1987. 278p. (Dissertação de Mestrado).