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A (de) formação da professora alfabetizadora

Esta dissertação tem por objetivo analisar as reflexões de professoras bem formadas sobre os contextos escolares onde atuam como alfabetizadoras, e suas análises acerca das influências desses contextos nas suas práticas pedagógicas. Para tanto, foram realizadas, a partir de depoimentos orais, entrevistas com seis professoras que haviam atuado na rede municipal de ensino de Belo Horizonte. É importante ressaltar que essas entrevistas foram realizadas no final de 1994, momento em que a Proposta da Escola Plural estava começando a ser implantada. Ao se discutirem os problemas educacionais, em especial os relacionados à alfabetização, a tônica recai quase sempre no como fazer, portanto, sobre as competências que o profissional do ensino deve possuir para desempenhar eficientemente sua função de ensinar. As relações de trabalho nas quais a professora está inserida raramente são analisadas. Nesta pesquisa, a autora relaciona formação com as habilidades adquiridas pelas professoras, que lhes possibilitam agir na sua prática pedagógica cotidiana de acordo com princípios que garantam a formação de seres autônomos, tanto moral como intelectualmente. Em contrapartida, o termo deformação refere-se à acomodação a que a professora é levada, e que a impede de atuar conforme sua formação, devido aos conflitos que vivencia ao estabelecer os primeiros contatos com a organização da escola. Assim, numa escola, os ritmos e os rituais, por exemplo, podem favorecer a formação do professor numa determinada perspectiva, ou ainda, podem permitir a atuação dessa ou daquela forma, a partir de uma ou de outra concepção de educação. Ao primeiro componente, que define uma instituição escolar, a autora está chamando de ortodoxia da escola. Ao segundo denominou de cultura escolar. A cultura das escolas, juntamente com a ortodoxia, impunha um modo de regulação que procurava tornar homogêneas as práticas e posturas pedagógicas. O movimento de transgressão gerava uma reação por parte dos profissionais responsáveis pela administração das escolas, ou ainda, das próprias colegas de trabalho. Contudo, estas profissionais tinham esperanças de que pudessem ser ouvidas e mais, que pudessem conquistar um espaço em que suas ações deixassem de ser transgressões e conquistassem legitimidade numa nova organização escolar. Pode-se concluir que, apesar das dificuldades impostas pela estrutura burocratizada das escolas que procura homogeneizar, fragmentar e hierarquizar as práticas e posturas pedagógicas, percebeu-se, na maioria dos depoimentos, uma possibilidade de rompimento, por parte das professoras, com essa estrutura cuja função principal tem sido a de favorecer a manutenção da escola como instituição que contribui para a perpetuação das desigualdades sociais.

Nome do Autor: Mônica Correia Baptista
Nome do Orientador: Magda Becker Soares
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Estado:Minas Gerais
Ano Publicação: 1996
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Pedagogia
Assunto:Em análise
Referência: BAPTISTA, Mônica Correia. A (de) formação da professora alfabetizadora. 1996. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 1996.