Sequências textuais
Autor: Maria Auxiliadora Bezerra,
Instituição: Universidade Federal de Campina Grande-UFCG,
Sequências textuais são unidades linguístico-textuais básicas (prototípicas) que fazem parte da constituição dos gêneros textuais, contribuindo para se identificar um gênero que se estrutura com predominância de forma narrativa ou argumentativa, por exemplo. Ou seja, são formas linguísticas organizadas que constituem a estrutura composicional de um gênero, sendo, por isso, mais estáveis e menos suscetíveis a alterações por influência de fatores sociais.
As sequências textuais, por se repetirem em textos orais ou escritos, vão sendo adquiridas pelos ouvintes, leitores ou escreventes, por meio do contato constante com os textos, e tornando-se esquemas memorizados. As sequências são narrativas, descritivas, argumentativas, explicativas, injuntivas (prescritivas) e dialogais, lembrando o conceito de tipos textuais, que remete a essa mesma classificação, mas se refere a um modelo teórico, abstrato de gramática do texto, e deixa entrever-se a ideia de que essa classificação serve para o texto em sua totalidade. Mas é raro encontrar-se um texto totalmente descritivo, ou narrativo, ou explicativo etc. Em geral, podem-se encontrar algumas dessas sequências, concomitantemente, nos textos, o que contribui para que se use o termo sequências textuais, indicando-se que há partes composicionais diversas que entram na organização do texto.
Os tipos textuais remetem para a ideia de homogeneidade e totalidade. Em um conto de fadas, por exemplo, há uma sequência narrativa (conjunto de ações realizadas por um agente que provoca ou tenta evitar uma mudança), uma sequência descritiva (conjunto de operações que apresenta aspectos caracterizadores de um objeto, animal ou pessoa) e uma sequência dialogal (fala entre os personagens). Pode haver também uma sequência injuntiva (indicação de como ou do que se deve fazer) ou uma argumentativa (apresentação de uma tese, defesa ou rejeição, contra-argumentação e conclusão) ou, ainda, uma explicativa (explicação de um problema apresentado).
Mesmo que seja composto de diferentes sequências simultâneas, o texto não se torna caótico, pois uma delas domina as demais, que são utilizadas para melhor demonstrar essa dominante. Um artigo de opinião, por exemplo, tem como sequência principal a argumentativa, pois nele se discute um tema polêmico e se defende ou refuta uma tese, mas nele pode haver uma sequência narrativa, cujo fato ou ação narrada venha fortalecer essa tese; uma sequência descritiva, que mostra aspectos do tema que contribuem para convencer ou persuadir o leitor do artigo; ou, ainda, uma explicativa, expondo por que ou como a tese é defendida ou rejeitada.
Do ponto de vista pedagógico, ensinar a ler e a escrever textos, considerando fatores sociais e pragmáticos, através de sequências didáticas, contribui para que os aprendizes desenvolvam sua proficiência linguístico-textual, utilizando os recursos variados que a língua lhes oferece. No Brasil, essa orientação é recomendada para a formação docente desde a última década do século XX.
Verbetes associados: Condições de produção do texto, Gêneros do discurso, Gêneros e tipos textuais, Produção de textos escritos, Produção de textos orais, Sequência didática, Produção de textos
Referências bibliográficas:
ADAM, J-M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2008.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.
SOUSA, S. C. T.; BIASI-RODRIGUES, B. Um estudo da sequência argumentativa em editoriais de jornais. In: CAVALCANTE, M. M. et al. (org.). Texto e discurso sob múltiplos olhares: gêneros e sequências textuais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007, v. 1, p. 141-168.