Atividade didática
Autor: Sara Mourão Monteiro,
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,
As atividades didáticas constituem meios de organização do trabalho pedagógico em sala de aula, que concretizam um conjunto de procedimentos específicos, próprios da situação de ensino-aprendizagem e servem como mediadoras da relação entre os alunos e um objeto de conhecimento ou entre as relações sociais inerentes ao contexto pedagógico. Isso pressupõe que o processo de aprendizagem escolar depende de certas atitudes e procedimentos que devem fazer parte dos programas de ensino para que ocorram, de fato, alterações nos estados de compreensão dos alunos.
Com base nessa visão de atividade didática, a prática de ensino estaria ligada a decisões de duas ordens. De um lado, a definição de como encaminhar o trabalho pedagógico em sala de aula – os procedimentos de ensino-aprendizagem ou a forma pela qual professores e alunos vão interagir com o objeto de conhecimento. De outro lado, a definição sobre quais elementos ou propriedades do objeto de conhecimento deverão ser foco da atividade pedagógica, para possibilitar o processo de aprendizagem do aluno.
No processo de alfabetização, são exemplos de procedimentos de ensino nas atividades didáticas encontradas com frequência nas escolas: a comparação de palavras em diferentes aspectos sonoros e gráficos; a identificação de elementos comuns e diferentes na escrita e nos sons de palavras; a cópia como uma produção que requer do aluno atenção para os aspectos formais do sistema de escrita; a decomposição e composição de palavras e frases, bem como o reconhecimento de palavras escritas como estratégias de leitura; a memorização como procedimento para a fixação dos atributos convencionais do sistema de escrita; a escrita sem modelo como uma situação de aprendizagem; a aplicação das regras do sistema de escrita como um desafio que possibilita a reflexão da criança sobre o funcionamento desse sistema.
As atividades podem integrar as rotinas na alfabetização e propiciar a operacionalização desses procedimentos de ensino-aprendizagem. Por exemplo, a professora pode pedir que os alunos leiam, com ela, uma lista de brinquedos – como corda, escorregador, balanço, peteca, dama, pião; em seguida, que marquem o nome do brinquedo que tem mais letras e, ainda, que apontem quais são os nomes de brinquedos que possuem a mesma quantidade de letras.
Essa atividade focaliza a configuração gráfica das palavras, explorando aspectos quantitativos e qualitativos de sua representação escrita. O foco da atividade é o procedimento da comparação, que pode contribuir para que o aluno construa ou reformule suas hipóteses a respeito do funcionamento do sistema de escrita, uma vez que, comparando, ele pode vir a perceber as regularidades e irregularidades na configuração gráfica e sonora das palavras.
Referências bibliográficas:
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A.. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
GOMES, M. F. C.; MONTEIRO, S. M. A aprendizagem e o Ensino da Linguagem Escrita. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005. v.2.
MONTEIRO, S. M. Aprender a ler e a escrever. In: REVISTA EDUCAÇÃO: guia da alfabetização. São Paulo: Segmento/CEALE, n. 1, 2010. p. 12-27.