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Rotinas na alfabetização

Autor: Maria José Francisco de Souza, Kely Cristina Nogueira Souto,

Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais-UEMG / Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Centro Pedagógico/Escola de Educação Básica e Profissional,

Rotina é uma sequência de ações que situa o sujeito no tempo, propiciando-lhe uma referência e uma organização. Ao planejar e organizar rotinas em turmas de alfabetização, é necessário ter em mente os objetivos e as habilidades que se pretende atingir, levando em conta os sujeitos envolvidos e os contextos de ensino e aprendizagem. A definição das atividades – o que fazer, como e com que frequência – pode ser estabelecida a partir do diálogo entre professores e alunos, e ser revista sempre que necessário, garantindo que todos conheçam as atividades e se apropriem da dinâmica do trabalho, participando ativamente de cada proposta.

Ao contrário de monotonia e simples repetição, a rotina supõe dinamismo e precisa ser construída a partir de dois aspectos fundamentais: (a) ser variada, isto é, possibilitar aos alunos experiências diversificadas de trabalho, criando várias oportunidades de aprendizagem e ampliação de habilidades, conhecimentos e contextos de aplicação; (b) ser sistemática e bem estruturada, ou seja, possibilitar a presença frequente e previsível de certas atividades, consolidando habilidades e experiências dos alunos. Assim, as rotinas possibilitam às crianças a compreensão da noção de tempo, conduzem a certa regularidade de suas ações e lhes permitem perceber a escola e a sala de aula como espaços em que as atividades podem ser planejadas, previsíveis e autocontroladas, com maior ou menor grau de autonomia.

O início das atividades diárias em sala de aula com a construção ou retomada da rotina possibilita que os participantes se situem quanto à dinâmica, aos intervalos e ao horário de saída, e visualizem a distribuição do tempo, com a previsão de duração de cada uma das ações propostas. Esses tempos devem ser avaliados e ajustados no desenvolvimento das atividades, tendo em vista a necessidade de cumprir uma proposta previamente organizada, e de se considerar o ritmo e o envolvimento da turma.

A construção da rotina, portanto, organiza o trabalho cotidiano e favorece que a sala de aula seja um espaço dinâmico, com diversidade e sistematização de: (a) atividades que contemplem os diferentes eixos de ensino (leitura, produção escrita, apropriação do sistema de escrita alfabética, conhecimentos linguísticos e oralidade); (b) formas de organizar a turma (individualmente, em duplas e em grupos); (c) oportunidades de leitura e de audição de textos pertencentes a diferentes gêneros e tipos textuais; (d) condições para que os alunos possam produzir textos de diferentes gêneros e tipos textuais, para diferentes interlocutores.

Além disso, as rotinas propiciam uma ampliação de tempos, para que as crianças frequentem a biblioteca, participem de rodas de conversa e de contação de histórias, dentre outras atividades. Assim, seu planejamento e execução devem contemplar tanto atividades permanentes quanto sequências didáticas e projetos a serem desenvolvidos em determinado período de tempo.


Verbetes associados: Apropriação do sistema de escrita alfabética, Conhecimento linguístico, Gêneros e tipos textuais, Leitura , Oralidade, Projeto de trabalho na alfabetização, Sequência didática, Produção de textos


Referências bibliográficas:
CASTANHEIRA, M. L.; MACIEL, F.; MARTINS, R. (Orgs.). Alfabetização e letramento na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica/Ceale, 2008.
FERREIRA, A.; ROSA, E. O fazer cotidiano na sala de aula: a organização do trabalho pedagógico no ensino da língua materna. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

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