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Sintaxe

Autor: Eunice M. D Nicolau,

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG, Faculdade de Letras,

A sintaxe constitui a Teoria geral da frase; é parte da gramática que trata da disposição das palavras na frase e constitui tópico crucial nos processos da alfabetização e do letramento, desde que respeitados os objetivos de suas diversas perspectivas.

A Sintaxe Tradicional fornece o modelo de uso correto da “norma culta” (daí seu caráter normativo) e concebe a frase como uma sequência de palavras, autônoma de sentido; focaliza a frase, identificando as relações entre as palavras, unidades dispostas em ordem linear, e funções exercidas por elas (sujeito, predicado, etc.). Sob essa concepção, a categoria frase, por exemplo, tem grande relevância para a alfabetização, na medida em que se associa a normas da escrita: por constituir enunciação de sentido completo, uma unidade de fala, a frase deve se iniciar com letra maiúscula (norma ortográfica); a frase carrega uma melodia que caracteriza o fim do enunciado e, por isso, independentemente de sua constituição (nenhuma oração, uma oração ou mais), termina com um ponto (regra de uso de pontuação). E, nesse caso, a presença de um ponto serve, portanto, como pista para a leitura, já que indica lugar de pausa. Cabe ressaltar, no entanto, que a mencionada relevância não justifica incluir, no conteúdo programático a ser desenvolvido nos processos de alfabetização e letramento, descrição e análise das palavras e de como estas estão dispostas em uma frase.

A Sintaxe Estrutural é disciplina autônoma, com origem no Estruturalismo (modelo fundado nas ideias de Saussure), que se ancora na concepção de língua como “uma estrutura composta de diferentes hierarquias” e focaliza a frase buscando as suas unidades (sintagmas), relacionadas entre si (relações sintagmáticas) e hierarquicamente organizadas; assume a feição de uma sintaxe que trata da língua sem se preocupar com a situação social em que as estruturas linguísticas são produzidas (perspectiva essencialmente formalista).

A Sintaxe Gerativa é disciplina autônoma, cuja denominação se confunde com a do modelo (Teoria Gerativa, Gramática Gerativa) que concebe a língua como conhecimento construído a partir da faculdade da linguagem (propriedade da mente humana) e, portanto, uma atividade mental; nesse modelo, a sintaxe, componente central, congrega os mecanismos gramaticais subjacentes ao referido conhecimento (competência linguística), que o falante aciona ao reconhecer, construir e interpretar as frases da língua (desempenho linguístico); explicitar tais mecanismos é a preocupação da Sintaxe, que toma como objeto a competência e, também, trata da frase sob um enfoque que se abstém da preocupação com a contextualização social da produção das estruturas linguísticas (perspectiva formalista).

A Sintaxe Funcional é disciplina autônoma, que concebe a língua como instrumento de interação social, tendo como componentes centrais o discurso e a semântica; considera as estruturas linguísticas e suas correlações, mas atentando para como a língua “representa as categorias sociais e cognitivas em sua estrutura gramatical”; busca identificar os processos subjacentes às estruturas gramaticais tomando como objeto a competência comunicativa, ou seja, focalizando os usos linguísticos, entendidos como produção, socialmente contextualizada, das estruturas linguísticas (sob outra perspectiva, o Funcionalismo).


Verbetes associados: Conhecimento linguístico, Discurso, Gramática


Referências bibliográficas:
CASTILHO, Ataliba de. Nova Gramática do Português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
ROCHA LIMA, Carlos H. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.

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