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Construtivismo

Autor: Maria das Graças de Castro Bregunci,

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,

Do ponto de vista etimológico, o vocábulo Construtivismo deriva de termos latinos referentes ao ato de construir, constituir, estruturar ou formar. A utilização do substantivo Construtivismo ou do adjetivo Construtivista se aplica a diversas áreas do conhecimento, tais como Matemática, Arquitetura, Informática, Artes, Linguística, Sociologia, Psicologia, Pedagogia.

No campo estritamente pedagógico, o Construtivismo tem sido usado em três acepções: uma teoria do conhecimento (ou epistemologia); uma teoria sobre o ensino-aprendizagem; um ideário pedagógico ou prática pedagógica alternativa. Essas concepções convergem em um pressuposto: a construção do conhecimento se efetua nas interações entre o sujeito (aquele que conhece) e o objeto (sua fonte de conhecimento).

Historicamente, as bases teóricas que sustentam as apropriações pedagógicas ‘construtivistas’se estruturaram nas primeiras décadas do século XX, representadas pela Epistemologia Genética do suíço Jean Piaget e pela Psicologia Sócio-histórica dos soviéticos Vygotsky, Luria e Leontiev.

A expansão mais acentuada das práticas construtivistas ocorreu na América Latina, com destaque para Argentina e Brasil (décadas de 1970-1980), que passaram a aglutinar núcleos de pesquisas, centros experimentais e de formação profissional, além de redes escolares públicas ou privadas receptivas à proposta, especialmente na escolarização inicial e na alfabetização.

Como prática pedagógica direcionada à alfabetização, a concepção construtivista é sustentada por alguns princípios: a) valorização da atividade do aprendiz em sua relação com o objeto de conhecimento (a aquisição da escrita) e seu universo sociocultural (contexto de seus conhecimentos prévios sobre a escrita, experiências e práticas); b) consideração de hipóteses e erros do sujeito como momentos construtivos do conhecimento; c) ênfase na avaliação processual e na organização flexível e dinâmica de grupos de alunos, para avanços em seus níveis de aprendizagem; d) promoção de contatos intensos com o universo da leitura e da escrita, com foco em contextos interativos e em práticas de letramento; e) estímulo à organização coletiva do contexto pedagógico e à qualificação do professor – também considerado sujeito reflexivo que constrói conhecimento e mediador relevante na aprendizagem dos alunos.

Aspectos críticos ou polêmicos têm sido associados às apropriações construtivistas nas últimas décadas. Entre eles, destacam-se as posturas ambíguas diante das questões metodológicas, dos erros e desempenhos dos alunos, das relações com a disciplina, com os conteúdos curriculares, com a avaliação e os critérios de sucesso e fracasso escolar. Além disso, os estudos específicos sobre a psicogênese se constituíram em um suporte muito valorizado para a compreensão da aquisição do sistema de escrita alfabética pela criança. Questiona-se, a partir daí, a excessiva ênfase em áreas como linguagem e alfabetização, e na escolarização inicial, gerando descontinuidades e rupturas em projetos institucionais.


Verbetes associados: Alfabetização, Apropriação do sistema de escrita alfabética, Apropriação da linguagem escrita na Educação Infantil , Conhecimentos prévios sobre a escrita, Letramento, Psicogênese da aquisição da escrita


Referências bibliográficas:
BREGUNCI, M. G. C. Construtivismo: grandes e pequenas dúvidas. Belo Horizonte: Autêntica Editora; CEALE, 2009 (Coleção Alfabetização e Letramento na sala de aula).
CASTORINA, J. A.; FERREIRO, E.; LERNER, D.; OLIVEIRA, M. K. Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 1995.
COLL, C. et al. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 1996.
JONNAERT, P.; BORGHT, C. V. (Orgs.). Criar condições para aprender: o socioconstrutivismo na formação de professores. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

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