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Convenções da escrita

Autor: Neiva Costa Toneli,

Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG / Faculdade de Educação / Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita-CEALE,

A escrita da Língua Portuguesa é de base alfabética, o que significa o uso de letras (grafemas) para representar os sons (fonemas). O alfabeto é composto por vinte e seis letras e potencialmente oferece os elementos para se escrever todas as palavras já existentes na língua e quaisquer outras a serem criadas, em decorrência das necessidades comunicativas ou cognitivas da comunidade de usuários. Para representar os fonemas de nossa língua há, também, outras possibilidades: o “ce cedilha” (ç que representa na escrita de determinadas palavras, o fonema /s/, antes das letras a, o, u); o til (~) sobre as vogais para indicar fonemas vocálicos nasais.

A Língua Portuguesa, assim como outras línguas que fazem uso do sistema alfabético, estabeleceu, durante o seu processo histórico de fixação de formas, várias convenções para regulamentar o seu uso. Tais convenções abrangem alguns aspectos que precisam ser apresentados, de forma sistemática, aos aprendizes, desde os seus primeiros contatos com a língua escrita. Algumas dessas convenções da escrita apresentam uma explicação para o funcionamento, o que faz com que as suas regras de uso sejam mais transparentes. Outras, no entanto, são governadas por critérios extremamente arbitrários e pontuais, manifestando um grau de opacidade, ou seja, não há um critério consistente que justifique a escolha. Isso significa dizer que, para o domínio das convenções, opera-se tanto com o raciocínio, na direção de perceber e aplicar as regras sistemáticas, quanto com a memorização, no esforço de apreender os casos idiossincráticos (particulares).

Uma das primeiras convenções a ser ensinada aos aprendizes é o uso das vinte e seis letras do alfabeto para se escrever e a de que é preciso distinguir letras de outros ‘grafismos’, como por exemplo: números, símbolos, sinais de pontuação etc. O alfabetizando deve perceber, também, a convenção que estabelece as direções da escrita (da esquerda para a direita, de cima para baixo), o que pode ser mostrado a ele, por gestos, todas as vezes que a professora fizer uma orientação para a leitura ou escrever no quadro. A segmentação da escrita em palavras é outra convenção a ser trabalhada, apontando o espaçamento entre as palavras. Colorir os espaços entre as palavras e contá-las são atividades que podem assegurar a consolidação dessa convenção. A divisão silábica também é regida por regras que deverão ser utilizadas, especialmente quando a palavra escrita não couber inteira no final da linha.

Faz parte, ainda, das convenções da escrita a pontuação - outro dispositivo que demarca certas fronteiras de natureza sintática e indica as relações previstas entre palavras e grupos de palavras, por meio dos sinais: /./ ; / : / , / ? / ! / “ ” /.../ . Acrescente-se a acentuação gráfica, marcada, em português, por três acentos gráficos: o agudo/ ´/, o circunflexo / ^/ e o grave / `/. Outra convenção introduzida desde o início da alfabetização é o uso da letra maiúscula em determinadas situações (no início de períodos, em substantivos próprios, entre outras).


Verbetes associados: Fonema, Grafema, Convenções ortográficas, Paragrafação, Pontuação, Segmentação de palavras, Sílaba, Sistemas de escrita, Tonicidade


Referências bibliográficas:
LEMLE, M. Guia teórico do alfabetizador. São Paulo: Ática, 1988.
LUFT, C.P. Grande manual de ortografia. Rio de Janeiro: Globo, 1987.

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