< ir para página inicial

Leitura colaborativa

Autor: Kátia Lomba Bräkling,

Instituição: Instituto Superior de Educação Vera Cruz-ISE – São Paulo / Pós-Graduação – Formação de professores em Alfabetização e Ensino de Língua Portuguesa,

Leitura colaborativa é uma atividade de leitura cuja finalidade é estudar um determinado texto em colaboração com outros leitores e com mediação do professor. O foco do trabalho é o processo de leitura – e todos os seus conteúdos específicos –, e não o produto desse processo, como acontece em uma atividade de leitura silenciosa com questões para serem respondidas por escrito - que permite apenas a verificação do que o aluno compreendeu do texto, ao invés de ensiná-lo como se faz para ler.

A leitura colaborativa se presta para o trabalho com os procedimentos e as capacidades requeridos do sujeito em uma situação de leitura. Os primeiros relacionam-se com as ações concretas que envolvem as práticas de leitura, como ler da esquerda para a direita e de cima para baixo, ou reler um fragmento de texto para verificar a compreensão. As capacidades de leitura referem-se ao que é requerido do leitor, tanto no processo estrito de decifração do escrito quanto no movimento de compreensão do texto, por meio de estratégias mais reflexivas (realização e verificação de antecipações e inferências; ativação de conhecimento prévio, por exemplo), ou, ainda, as elaborações de apreciação e réplica em relação ao texto lido (identificação de valores veiculados e de relações de intertextualidade e interdiscursividade; articulação de recursos não verbais, elaboração de apreciação estética, por exemplo).

A leitura colaborativa baseia-se no princípio teórico-metodológico de que se aprende em colaboração com o outro. Sendo assim, o texto a ser lido precisa ser aquele para o qual os alunos não possuam proficiência autônoma, pois, se assim fosse, não precisariam de colaboração para recuperar os sentidos do texto. Por esse princípio, fica evidenciada a importância dessa modalidade de leitura em contextos de escolarização inicial e alfabetização.

Além disso, é preciso que o professor tenha clareza de quais conteúdos de leitura precisam ser aprendidos pela classe, para que possa tematizá-los durante a atividade. Nesse sentido, a seleção do material escrito é de fundamental importância, pois um texto não se presta para o trabalho com qualquer conteúdo. Por exemplo, um determinado material pode ser mais adequado para o trabalho com a realização de inferências - como as anedotas; outro pode ser mais propício para realizar a articulação do texto verbal com recursos organizados em diferentes linguagens - como reportagens jornalísticas que, ao texto verbal, podem relacionar gráficos, linhas do tempo, tabelas, fotografias, imagens e dados de programas ou vídeos diversos disponibilizados por mídia eletrônica.

Para desenvolver a atividade, o professor deve planejar questões a serem feitas à classe antes de iniciar a leitura, propriamente; durante a mesma e depois de terminada, de acordo com a especificidade das capacidades que serão tematizadas, e de modo que a atividade preveja a recuperação processual do sentido do texto em um movimento de colaboração explícita entre os leitores, mediado pelo professor.

Em outras palavras, é preciso que, no desenvolvimento do trabalho, seja criado um espaço no qual os leitores tanto possam explicitar os sentidos que vão sendo recuperados por eles quanto indicar as pistas textuais ou contextuais que os possibilitaram.

É fundamental, ainda, que os procedimentos utilizados pelos alunos para buscar as informações no texto sejam também foco da ação do professor, que deve solicitar que sejam explicitados à classe, de modo que possam se tornar “visíveis” aos alunos e, dessa maneira, possam ser apropriados por eles, tornando-se parte de seu repertório.


Verbetes associados: Compreensão leitora, Conhecimentos prévios na leitura, Decodificação, Inferência na leitura, Interdiscursividade, Intertextualidade, Leitor proficiente, Zona de desenvolvimento proximal


Referências bibliográficas:
Sobre procedimentos e capacidades de leitura: ROJO, R. H. R. Letramento e Capacidades de Leitura para a Cidadania. In: FREITAS, M. T. A.; COSTA, S. R. (Orgs.). Leitura e Escrita na Formação de Professores. Juiz de Fora: EDUFJF/COMPED/MUSA, 2002.
Sobre leitura colaborativa ou compartilhada: GARCEZ, L. H. C. A Construção Social da Leitura. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 5. Brasília, março de 2000, p. 5-7. Disponível em: http://seer.bce.unb.br/index.php/estudos/article/view/2533/2088 Acesso em: 5 de maio de 2014.
LERNER, D. A autonomia do leitor: uma análise didática. Revista de Educação, n. 6. Porto Alegre: Editora Projeto, 2002.
PIZANI, A. P.; PIMENTEL, M. M.; LERNER, D. Compreensão da Leitura e Expressão Escrita. Porto Alegre: Artmed, 1998.

< voltar