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Caracterização do desempenho ortográfico de fonemas oclusivos na escrita de crianças em início de alfabetização

Objetivos: descrever o desempenho ortográfico de crianças quanto ao registro de fonemas oclusivos do PB; verificar se a ausência do acento fonológico influencia a ocorrência de possíveis erros na ortografia desses fonemas; classificar o padrão de distribuição desses possíveis erros; classificar a distribuição dos possíveis erros em traços de ponto ou vozeamento; e verificar qual a direção dos traços envolvidos nesses possíveis erros. Métodos: foram analisados 21.049 registros ortográficos de fonemas oclusivos extraídos de 1.064 produções textuais de 76 crianças da 1ª série do Ensino Fundamental em duas escolas públicas do interior paulista. Relativos ao primeiro objetivo: os dados foram divididos em acertos e erros; relativos ao segundo objetivo, os erros foram classificados conforme ocorressem em sílabas acentuadas – tônicas e monossílabos tônicos – e não-acentuadas – pretônicas, postônicas e monossílabos átonos; relativos ao terceiro objetivo, os erros foram classificados, em um primeiro momento, em substituições e omissões, as substituições, por sua vez, foram subclassificados em ortográficas não fonológicas, ortográficas fonológicas e híbridas. As ortográficas fonológicas foram subdivididas, ainda, conforme envolvessem fonemas dentro e fora da classe das oclusivas; relativos ao quarto objetivo, as substituições fonológicas dentro da classe foram classificadas conforme envolvessem traços de ponto ou de vozeamento; e, finalmente, relativo ao quinto objetivo, os traços foram analisados de acordo com a direção da substituição envolvendo tanto ponto quanto vozeamento. Resultados: observou-se, quanto ao primeiro objetivo, maior número de acertos (20.318) quando comparado ao número de erros (729), resultado que sugere significativa estabilidade das crianças (já no primeiro ano de alfabetização) no registro de grafemas que correspondem a fonemas oclusivos; quanto ao segundo objetivo, maior concentração dos erros no interior das sílabas não-acentuadas (440) quando comparado àqueles em sílabas acentuadas (289), que se dá pelo fato de as sílabas não-acentuadas apresentarem características acústicas menos favoráveis à percepção auditiva do escrevente; quanto ao terceiro objetivo, observou-se distribuição dos erros em substituições (523) e omissões (206); nas substituições foram observados erros ortográficos fonológicos (298), híbridos (132) e ortográficos não-fonológicos (93). Extraídas as omissões, que se explicam por variação linguística do tipo *correno, para “correndo”, grande parte das substituições justifica-se pelo fenômeno da transparência ortográfica; ainda quanto ao terceiro objetivo, em relação à distribuição dos erros ortográficos fonológicos, maior ocorrência deles envolvendo fonemas da própria classe das oclusivas (258) quando comparado aos fonemas fora dessa classe (40), que se justifica pelo fato de as crianças já se mostrarem capazes de perceber características fonético-fonológicos que tornam possível a distinção entre fonemas de diferentes classes; quanto ao quarto objetivo, observou-se maior número de erros fonológicos DC que envolveram vozeamento (222) quando comparado aos erros envolvendo ponto (47), resultado que sugere que a aquisição das oclusivas na escrita infantil segue, de certa forma, a trajetória de sua aquisição na fala; por fim, quanto ao quinto objetivo, observou-se, em relação aos erros de ponto, que a maioria envolvia o traço coronal, resultado que vai contramão da literatura, uma vez que se esperava maior instabilidade no traço dorsal; por fim, ainda quanto ao quinto objetivo, em relação aos erros de vozeamento, apesar da diferença numérica, não houve diferença estatística entre as direções das substituições. Conclusão: A análise do desempenho ortográfico global permite entender, quanto à especificidade dos erros, que, além de características fonético-fonológicas relacionadas à classe das oclusivas, a escrita inicial sofre influência de outros fatores, como a transparência/opacidade da escrita desses fonemas e a variação linguística.

Nome do Autor: Isabela de Oliveira Pezarini
Nome do Orientador: Lourenço Chacon Jurado Filho
Instituição: Universidade Estadual Paulista
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2017
Curso: Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências da Saúde: Fonoaudiologia
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: PEZARINI, Isabela de Oliveira. Caracterização do desempenho ortográfico de fonemas oclusivos na escrita de crianças em início de alfabetização. 2017. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia) - Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2017.