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As retóricas do brincar no cotidiano escolar: um estudo de caso

 
A presente tese versa sobre as retóricas do brincar, identificadas nas concepções e práticas das professoras e da equipe gestora de uma instituição pública de Educação Infantil, da rede municipal de Cuiabá-MT. Objetivou-se identificar as retóricas das brincadeiras que emergem dos documentos oficiais e das concepções e práticas das agentes escolares. Do ponto de vista metodológico, adotou-se o estudo de caso de abordagem qualitativa, fazendo-se uso de análise documental, entrevistas individuais (com professoras, coordenadora pedagógica e diretora), além de observação participante do cotidiano escolar de duas turmas de Educação Infantil, entre o segundo semestre de 2018 e o primeiro semestre de 2019. As observações foram realizadas num diário de campo e, posteriormente, sistematizadas em forma de registros ampliados, conforme orientações de Bogdan e Biklen (1994). Ancorados nos conceitos e nas classificações de Sutton-Smith (2017) quanto às retóricas da brincadeira, encontramos quatro retóricas (progresso, poder, identidade e ausência), que apoiaram as categorias de análises. A análise da relação do brincar e Educação Infantil carrega em seu eixo a discussão da trajetória histórica da referida etapa e sua luta à universalização e acesso. Discute-se o jogo como processo civilizatório a partir de Huizinga (2014), perpassando pelas rubricas de Caillois (1990), sem perdê-lo de vista como uma característica da infância defendida por Château (1986), para que, então, fosse compreendida a relação da brincadeira, trazida por Brougère (1997; 1998; 2011; 2019). Em seguida, a partir do levantamento das teses relacionadas às concepções do brincar, desenvolvidas durante o período de 2014 a 2019, chegou-se ao número de cinco pesquisas que apontam a frágil compreensão do papel da Educação Infantil, ora como espaço assistencialista, ora como vestíbulo do Ensino Fundamental. Na compreensão de que as retóricas se relacionam às influências de um tempo e espaço, identificou-se a brincadeira nos documentos oficiais, na perspectiva de progresso, manifestas no campo escolar, a partir da eleição de brincadeiras como instrumento da aprendizagem, em sua maioria das letras e dos números. Dentro das relações de poder, reproduzidas e produzidas na escola, tanto o controle e permissão da brincadeira, quanto a subversão das crianças se manifestam como retórica do poder. As organizações das crianças por meio de transcrições ocultas, manifestam a retórica da identidade que caracteriza as diversas microssociedades existentes no contexto escolar. As lacunas na formação inicial das participantes refletem uma frágil compreensão dos papeis da Educação Infantil, impedindo a reflexão e a criticidade para os problemas e realidade vigente, que constituem a retórica da ausência. Desta forma, considera-se que o contexto e as condições materiais postas contribuem para a criação e manutenção das retóricas das brincadeiras, incidindo na compreensão equivocada e fragilizada do brincar na escola e, por conseguinte, dos objetivos e especificidades da Educação Infantil.

 

Nome do Autor: Flora Lima Farias de Souza
Nome do Orientador: Cleomar Ferreira Gomes
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso
Estado:Mato Grosso
Ano Publicação: 2021
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: SOUZA, Flora Lima Farias de. As retóricas do brincar no cotidiano escolar: um estudo de caso. 2021. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso, 2021.