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De pennas vacillantes em mãos infantis à produção do jornal O Bem-ti-vi: culturas do escrito e crianças de elites em Caetité, BA (1899-1914)

Esta pesquisa teve como objetivo analisar um jornal infantil – O Bem-ti-vi – a fim de compreender a relação entre as crianças de elites e as culturas do escrito, entre os anos de 1899 e 1914, na cidade de Caetité-BA. Analisamos como se deu a produção do jornal, investigando, como propôs Darnton (1990), o circuito que o impresso realizou do autor ao seu (provável) leitor. Conhecer quais eram os materiais escritos existentes, quais as leituras que eram realizadas pelos redatores e colaboradores, qual o lugar que a escrita ocupava na vida dessas crianças de elites, o que a materialidade do jornal informa sobre sua produção, principalmente, sobre quais eram os prováveis leitores visados e os leitores empíricos, são algumas das questões que nos instigaram a realizar este estudo. Para tal, utilizamos a coleção desse jornal que circulou quinzenalmente, por aproximadamente dois anos na cidade de Caetité. Cartas familiares, notícias de jornais, obras de memorialistas, foram utilizadas como fontes complementares. Grande parte dessa documentação encontra-se disponível no Arquivo Público Municipal de Caetité. O jornal tinha como redatores-chefes os meninos Mario Teixeira Rodrigues Lima e Anísio Spínola Teixeira, que nasceram em famílias tradicionais de elite, detentoras de capital econômico, social e cultural. A proposta de estudar o entrelaçamento da história da cultura escrita com a história das crianças, nas primeiras décadas do século XX, justifica-se pela singularidade do lugar ocupado pelas crianças nesse período histórico e pela pouca visibilidade do tema nas pesquisas. Podemos afirmar que as práticas de leitura e de escrita eram muito presentes entre as crianças, principalmente nas famílias de elites. Os aspectos tipográficos evidenciaram um jornal com boa impressão, elogiado por seu “bom acabamento”. Esse empreendimento fazia parte de um conjunto de ações para “acompanhar o progresso”, pois, em Caetité, não era suficiente as elites serem e parecerem distintas, empreendia-se um esforço para que a cidade, em si, fosse reconhecida pela distinção em todos os seus aspectos. A instalação de dois colégios, em Caetité – a Escola Americana e o Colégio São Luiz – no ano de 1912, a republicação do jornal A Penna, no final de 1911 e o apoio das famílias suscitaram nos meninos a motivação, além de fornecerem as condições para produzirem o próprio jornal. O jornal O Bem-ti-vi dirigia-se à sociedade caetitéense e região visando, explicitamente a contribuir com a educação das crianças e com o intuito de que cada uma delas se tornasse um “bom cidadão republicano”, para a “recuperação” da Bahia e o progresso do sertão.

Nome do Autor: Giane Araújo Pimentel Carneiro
Nome do Orientador: Ana Maria de Oliveira Galvão
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Estado:Minas Gerais
Ano Publicação: 2021
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: CARNEIRO, Giane Araújo Pimentel. De pennas vacillantes em mãos infantis à produção do jornal O Bem-ti-vi: culturas do escrito e crianças de elites em Caetité, BA (1899-1914). 2021. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2021.