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O ensino de estrutura atômica e de ligação química na escola de 2º grau: drama, tragédia ou comédia?

Esse estudo investiga a situação atual e a evolução histórica do ensino de estrutura atômica e ligação química para a escola secundária. As principais fontes de pesquisa, de meados do século XIX até 1930, são os livros didáticos, documentos históricos e fontes secundárias. Após 1930, incluem-se, também, artigos de periódicos, entrevistas com professores, respostas dos alunos a questões abertas da prova de química do vestibular da UFMG e instrumentos de avaliação fornecidos por professores do 2. grau.
A análise dos conteúdos veiculados pelos livros didáticos procurou evidenciar: se a abordagem dos temas é feita segundo as teorias da química clássica ou segundo as teorias da química moderna, se há relação entre os modelos de estrutura atômica e ligação química e os fatos experimentais que lhes deram origem, bem como as propriedades físicas e químicas de substâncias; e se há um relacionamento entre teoria, fenômeno e linguagem química.
Investigamos, também, que influência os diversos movimentos pedagógicos tiveram sobre o ensino desses temas. Assim, procuramos detectar a influência do positivismo, em relação aos século passado; do escolanovismo, em relação à década de 30; do movimento de renovação do ensino de ciências, em relação às décadas de 50 e 60; e da pedagogia tecnicista em relação à década de 70.
O emprego daquelas categorias, aliado à análise histórica, permitiu traçar um perfil da evolução do ensino desses temas e esboçar algumas tendências que ajudam a entender a situação atual.
É possível detectar três períodos em relação a essa evolução. O primeiro período, de meados do século passado até 1930, se caracterizava pela ausência da discussão sobre estrutura atômica e ligação química. A hipótese atômica de Dalton era introduzida após o estudo de fenômenos simples, das propriedades físicas dos materiais e das leis ponderais e volumétricas. O conteúdo geral era pouco extenso e bem estruturado. A parte descritiva, por sua vez, era bastante extensa. Os fenômenos químicos eram, em geral, mais enfatizados do que as teorias, os modelos e a linguagem.
O segundo período - de 1931 a 1970 - se caracteriza como um período de transição, onde, paulatinamente, as teorias e modelos vão sendo mais valorizados, em detrimento dos fenômenos . Os modelos da química moderna para a estrutura do átomo e para as ligações químicas vão sendo paulatinamente introduzidos , mas sempre em atraso em relação ao "estado-da-arte" do conhecimento químico. As grandes questões, colocadas pelos diversos movimentos pedagógicos e pelas propostas inovadoras, não vão ter grande repercussão no ensino de massas, que continua tradicional e livresco.
O terceiro período, de 1971 até os dias atuais, se caracteriza pela introdução dos modelos da mecânica ondulatória para a estrutura do átomo, geralmente com uma abordagem simplificada e muitas vezes parcial ou até incorreta. Para isso concorrem, também, a pedagogia tecnicista, introduzida no bojo das questões de múltipla escolha e dos objetivos específicos dos vestibulares. A ênfase se desloca, agora, dos modelos e teorias , para a linguagem química. Os fenômenos são cada vez menos enfatizados, e no quadro negro do ensino tradicional, modelo e realidade se confudem.

Nome do Autor: MORTIMER, Eduardo Fleury
Nome do Orientador: Miguel G. Arroyo
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Estado:
Ano Publicação: 1988
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico:
Assunto:Ensino
Referência:

MORTIMER, Eduardo Fleury. O ensino de estrutura atômica e de ligação química na escola de 2º grau: drama, tragédia ou comédia? Belo Horizonte: PG em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, 359. 1988p. (Dissertação de Mestrado).