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A criança e a literatura: as amarras de quem está começando

Esta pesquisa buscou dialogar com a literatura infantil na vida, na arte, na escola com o propósito de identificar as concepções de infância que se refletem e se refratam neste campo. A metodologia consiste na crítica da forma e do conteúdo da Coleção Estrelinha da Editora Ática. A autora procurou examinar a forma e o conteúdo dos livros, orientada por uma perspectiva social, cultural e histórica, buscando evidenciar a concepção de infância, os valores ideológicos e o fundamento estético subjacentes aos livros que constituem esta coleção. A pesquisa procura demonstrar, que são as coordenadas estéticas e não as instrutivas que permitem situar a literatura infantil na categoria de arte literária. Neste sentido, pensar a produção literária para a infância, nas sociedades complexas contemporâneas, significa, antes de tudo, estar diante de uma associação entre linguagens distintas: a verbal e a visual. A imagem cresceu muito, a ponto de justificar, uma vasta produção de livros infantis compostos exclusivamente de ilustrações. Neste sentido, a lógica de segmentação da coleção referida é: Coleção Estrelinha I- para a criança que está começando a aprender a ler; Coleção Estrelinha II- para a criança que já domina tanto as sílabas simples quanto as complexas; Coleção Estrelinha III- para treino da leitura da criança recém-alfabetizada. Na análise da primeira coleção, pode-se constatar a predominância da focalização externa, com presença de um narrador movimentando-se com ampla onisciência. A concepção de infância subjacente à Coleção Estrelinha II, evidencia um ser no meio do caminho, preparando-se para o futuro. O projeto desenhado para a Coleção Estrelinha III, aponta para preocupações lingüísticas simplificadas, destinadas, como já foi dito, para crianças recém-alfabetizadas. Na Coleção Estrelinha pode-se constatar, em suma, que a importância do discurso é reduzida à dimensão que ganham os fonemas, assim como aos padrões silábicos. A autora conclui afirmando que a literatura é inconciliável com o controle da leitura, isto é, a sujeição do leitor-criança aos propósitos pedagógicos que a Coleção Estrelinha apresenta para o livro infantil. Fazendo prevalecer esta tendência, amarra-se o leitor, o conceito de infância é simplificado, empobrece-se a leitura.

Nome do Autor: Márcia Cabral da Silva
Nome do Orientador: Sônia Kramer
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Estado:Rio de Janeiro
Ano Publicação: 1996
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: SILVA, Márcia Cabral da. A criança e a literatura: as amarras de quem está começando. 1996. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996.