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Cotidiano escolar: repetição/invenção/reinvenção.

O objetivo deste estudo é de analisar a dimensão da criatividade na prática pedagógica de professoras da escola pública, e sua contribuição no estímulo a processos de transformação na escola e na sociedade, destinadas às práticas de alfabetização, por educadoras ditas construtivistas, e outras ditas tradicionais. A metodologia utilizada consiste numa análise da prática de 9 professoras da rede Municipal de Fortaleza, que foram observadas e entrevistadas, totalizando 450 h/aula de observação, abordando tanto aspectos dos seus discursos como das suas ações. Assim, não se pode separar a alfabetização do contexto social. O processo de ensino, nas escolas brasileiras, tem sido caracterizado pela repetição e fragmentação do saber, o que tem colaborado para acentuar à escola como um espaço cultural eminentemente conservador, onde o incentivo à cópia reprime a criatividade e, de certa forma, estigmatiza o novo. As análises sobre as tendências pedagógicas (tradicional, construtivista, sócio-interacionista), servem como suporte para o estudo da criatividade nas práticas pedagógicas das alfabetizadoras em questão. As teorias da educação, são aqui entendidas como eminentemente políticas e influenciadoras das práticas pedagógicas das alfabetizadoras da Rede Municipal de Fortaleza. Desta forma, as relações entre teoria e prática do professor não podem ser encaradas de forma mecânica. Se não há um consenso sobre o que seja criatividade há um posicionamento que congrega diversos autores. Este, ocorre quando se trata de afirmar que a escola tem tradicionalmente contribuído para a situação de tolimento da criatividade e estímulo à repetição. Conforme seja o entendimento da natureza da criatividade, encontra-se a opinião esta poder ser ou não estimulada no ambiente escolar. Existe a necessidade de se estimular e permitir o desenvolvimento da criatividade nas escolas, pois, para as crianças, o processo de criação se entrelaça à própria apreensão e não conhecimento do mundo. São basicamente, duas linhas teóricas-metodológicas em que se baseiam as 9 alfabetizadoras entrevistadas: construtivistas e tradicionais. Na visão das primeiras, o caminho que se percorre, os objetivos que se traçam, a compreensão que se tem do processo de alfabetização, tudo é determinante e determinado na prática pedagógica. Assim, o trabalho com a leitura e a escrita não deverá deixar de levar em conta as atividades artísticas. Em contraposição, as tradicionais argumentam no sentido de que é importante que se trabalhe com arte, mas não vêem a relação com a aprendizagem da leitura e da escrita. Contudo, há um entrelaçamento em determinados momentos, dos dois grupos, apontando para características ora positivas, ora negativas. A atividade criativa indica sobretudo a reelaboração de uma atividade ou conhecimento. A invenção, do título do trabalho, refere-se ao aspecto de práticas em que o incentivo à criatividade já vem referendado a partir mesmo de uma ação criativa inventiva do(a) professor(a) nos estímulos ao comportamento criativo, e portanto reinventivo. A arte e aprendizagem da leitura e escrita, quando em concomitância, deverão estar em um processo de alfabetização muito além de aprendizagem mecânica dos signos. Conclui-se que a maioria das atividades onde se presencia o estímulo à criatividade e aos pensamentos reflexivos são lúdicas, relacionadas de diferentes formas de aprendizagem da leitura e escrita, transformando o cotidiano escolar num palco de invenção/reinvenção.

Nome do Autor: Bernadete de Souza Porto
Nome do Orientador: Ferdinand Rohr
Instituição: Universidade Federal de Pernambuco
Estado:Pernambuco
Ano Publicação: 1993
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: PORTO, Bernadete de Souza. Cotidiano escolar: repetição/invenção/reinvenção. 1993. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 1993.