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Letra A • Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020, 16:48:00

 
Por Andreza Miranda
Foto Grafia
Professora propõe a escrita de um livro a partir de fotos do acervo pessoal dos alunos
 
“A quem dedicarei o meu primeiro livro como autor?”. Com o intuito de valorizar o interesse das crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental em atividades que englobam o manual e exploram sua criatividade, Izabel Gil, a professora de Geografia da ETEC Prof. Eudécio Luiz Vicente, desenvolveu como atividade a escrita de um livro com fotos dos alunos.
 
Izabel leciona no Ensino Médio, mas adaptou o projeto para o Ensino Fundamental: “Toda criança, ou quase toda criança, tem acesso a um celular, e eles usam o celular de maneira muito passiva”. Para que os alunos passem a usar o aparelho de forma mais ativa, na atividade proposta eles devem criar narrativas envolvendo temas de sua vida, a partir de registros de imagens feitos com celulares, câmeras, fotos postadas nas redes sociais ou reveladas pelos pais.
 
Izabel ressalta que, no planejamento da atividade, o professor deve colocar seus objetivos, suas estratégias para o desenvolvimento, o tempo gasto e os recursos necessários. Feito isso, o projeto pode ser realizado com os alunos: “Após o professor apresentar o projeto para os alunos e envolvê-los, as crianças fazem a captura das imagens, o educador realiza a impressão, os alunos têm o trabalho de agrupar, seriar. O professor aí vai trabalhar a questão do texto, e quando a criança for falar, por exemplo, da sua própria experiência, ela pode desenhar também, porque a criança também gosta muito disso.”
 
Para Izabel Gil, atividades como essa são importantes para o aluno ser o protagonista do seu próprio conhecimento e para o resgate da escrita e da leitura de livros, de uma forma que se possa aproveitar conteúdos da atualidade, que no caso são as fotos postadas em redes sociais. Um outro ponto positivo é a utilização dos aparelhos tecnológicos com uma finalidade que enriqueça o conhecimento. “Essa habilidade também dá oportunidade para o aluno usar um aparelho moderno, de tecnologia da informação, de maneira ativa, [e] ter que criar algo”. Izabel sugere também que os pais dos estudantes podem se voluntariar e se envolver no momento da edição e, depois de pronto, o trabalho pode ser exibido tanto em reuniões de professores quanto para familiares. 
 
Eco Escola
Escola Municipal de Belo Horizonte se integra a movimento ambiental e desenvolve atividades sustentáveis que mudaram a realidade da comunidade local
 
No bairro Novo Aarão Reis, em Belo Horizonte (MG), acontece anualmente o evento “Deixem o Onça Beber Água Limpa”, que visa unir a comunidade local para desenvolver atividades de preservação ambiental em prol do Ribeirão do Onça, fluxo de água que faz parte do bairro em questão. Nesse evento, a Escola Municipal Herbert José de Souza sempre aproveita a ocasião para apresentar seus projetos ambientais desenvolvidos. O professor Saint Clair Marques, que leciona na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da instituição, conta que, a partir de tal envolvimento, a escola fez uma parceria com o evento, em que ele e sua turma participavam das reuniões de planejamento do movimento, e a turma recebia atividades que poderiam ser trabalhadas em sala de aula, dentro dessa temática. 
 
Um pouco depois, Iolane Vieira, que, na época, era professora dos anos iniciais da escola e coordenadora da EJA, teve o desejo de trabalhar as atividades que Saint Clair estava desenvolvendo com seus alunos. Visando à expansão do projeto, a professora, ao se candidatar para a direção da instituição, fez uma espécie de troca com os estudantes da EJA: eles a ajudariam a ser eleita se ela, na posição de diretora, ampliasse o projeto para toda a escola. Iolane venceu, e assim iniciaram os trabalhos para que a Escola Municipal Herbert José de Souza se envolvesse nos movimentos ambientais. “Primeiro, teve de ter um processo de convencimento dos professores e, antes de chegar aos alunos, foi preciso fazer momentos de formação com esses professores. Eu fui um dos que conduziu essa formação”, conta Saint Clair.
 
O projeto foi iniciado no primeiro dia de aula com uma palestra da prefeitura na quadra da escola para todos os alunos, conta a professora Lilian Maria. Após a palestra inicial, grande parte das atividades sobre preservação ambiental eram desenvolvidas em sala de aula, com os alunos aprendendo e trocando ideias entre turmas, e depois passaram para a parte prática. Saint Clair Marques conta que uma das atividades foram as travessias, nas quais os alunos levavam os professores aos locais onde existem impactos positivos e negativos para a natureza. “Quando se faz a travessia, os alunos levam consigo uma ficha para entrevistar pessoas na rua, e nesse questionário eles versam, por exemplo, quais são as doenças mais comuns que as pessoas já foram acometidas. Uma vez tabulado, esse material serve para as aulas; os alunos vão estudar essas doenças, modo de prevenção etc.” As atividades desenvolvidas pelos alunos não param por aí: “Já fizemos plantio de agrofloresta em partes do rio que precisavam ser reflorestadas, fizemos recolhimento de materiais que podiam ser reutilizados, que eram levados à escola e eram reciclados na escola”, acrescenta Saint Clair. O professor conta também que eles tiveram envolvimento na interrupção do lançamento de esgoto pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) na margem direita do rio, na região, fazendo pressão na empresa responsável pelo tratamento da água na maior parte do estado de Minas Gerais, por meio de fotos e filmagens.
 
Bons resultados foram trazidos para o dia a dia da Escola Municipal Herbert José de Souza, depois de sua integração ao movimento “Deixem o Onça Beber Água Limpa”. “Tudo o que se faz na escola tem por preocupação primordial a questão ambiental. [As atividades feitas] estão relacionadas a conteúdos que são trabalhados e, por exemplo, quando se vai fazer uma festa junina, considera-se a questão do reaproveitamento de materiais em todos os materiais que são usados para enfeitar a escola naquela festa”, diz Saint Clair. Lilian Maria espera por mais resultados positivos colhidos neste ano, através de uma parceria que a escola está fazendo com o CREMACS, empresa que faz coleta seletiva de lixo. “Dentro dessa parceria, a escola assume o compromisso de fazer o recolhimento do lixo de forma seletiva, e essa empresa pega pessoas da própria comunidade que estejam desempregadas, faz um treinamento para que essa pessoa esteja dentro da escola fazendo a separação do lixo para eles, e então essa pessoa também vai receber por isso”, conta. Além disso, o valor que o CREMACS arrecadar com a venda posterior do lixo que será coletado na escola vai ser revertido em cursos para a própria instituição.