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O letramento de crianças em processo de alfabetização em uma escola municipal

A visão que se tem da escrita no mundo ocidental atual é ainda marcada pela interpretação de que essa construção humana elevou o homem a uma categoria superior em seu processo de desenvolvimento filo e ontogenético. Tal pensamento leva essas mesmas sociedades a julgarem que comunidades iletradas ou pessoas não-alfabetizadas estão em uma fase de evolução anterior às que se utilizam da escrita, especialmente a escrita alfabética, como se a escrita fosse um processo natural do desenvolvimento humano a que mais cedo ou mais tarde todos chegaremos. É notório que de tudo isso decorrem inúmeras posturas: a desvalorização das culturas iletradas, o menosprezo de pessoas não-alfabetizadas nas sociedades letradas e a visão de que o analfabetismo deva ser erradicado como uma doença que acomete os mais incapazes. Ora ve-se programas de educação compensatória, ora constata-se a desistência de um trabalho escolar de qualidade dirigido às crianças de famílias de baixa renda. Contestando as visões de supervalorização da escrita como meio de desenvolvimento superior humano ou como meio de ascensão social, esta pesquisa parte de autores que alertam para a postura etnocêntrica das várias pesquisas realizadas entre comunidades iletradas ou entre sujeitos não-alfabetizados em sociedades letradas, para questionar os lugares sociais destinados a esses sujeitos. A escrita, não traz condições de superioridade cognitiva, mas provoca formas diferentes de organização, tanto no que diz respeito às relações sociais como também aos modos mentais de solução de problemas e de compreensão de mundo. Defende-se que o domínio da escrita é essencial a todos os que vivem em sociedades letradas devido ao grau de inserção na participação política que ele permite. No entanto não se trata de uma alfabetização genérica, indeterminada. O que se chama domínio da escrita, que possibilitará ao sujeito uma participação política mais efetiva na sociedade é aquele que visa o letramento, ou seja, a capacidade de saber usar a língua e a linguagem de formas diversas, de acordo com o que requer cada situação discursiva. A função da escola torna-se, assim, contribuir para que seu aluno seja "poliglota em sua própria língua", como o disse o gramático Evanildo Bechara em entrevista a um programa de televisão. Perseguindo esse objetivo, o trabalho é analisado com projetos pedagógicos definidos pela tipologia textual mais comumente utilizada na sociedade, dirigidos a crianças de 1º série do ensino fundamental, de uma escola pública municipal da cidade de São Paulo.

Nome do Autor: Maria Helena Costa Braga Schmidt
Nome do Orientador: Marieta Lúcia Machado Nicolau
Instituição: Universidade de São Paulo
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2001
Curso: Pós-graduação em Psicologia da Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Psicologia
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: SCHMIDT, Maria Helena Costa Braga. O letramento de crianças em processo de alfabetização em uma escola municipal. 2001. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Psicologia da Educação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.