Abec

Abec


     

O processo de apropriação da linguagem escrita em crianças na fase inicial de alfabetização

Este trabalho teve por finalidade investigar os processos que se constituem nascrianças, na fase inicial de alfabetização, ao serem incentivadas a estabelecer uma relaçãofuncional com a escrita, ou seja, quando incentivadas a usar a escrita com função mnemônica.Dessa forma, partimos da concepção de que a linguagem escrita, usada na nossa sociedade, éum sistema de signos que serve de apoio às funções intelectuais, especificamente à memória.Para a realização da pesquisa, partimos da observação do trabalho realizado na sala de aula,pela professora e crianças de uma classe da primeira série do Ensino Fundamental. Após asobservações, planejamos, juntamente com a professora da classe envolvida no estudo, cincoatividades de produção oral de textos e seus registros pelas trinta e nove crianças, sujeitos dotrabalho, para observarmos como se relacionavam com a escrita. Assim, não organizamos,previamente, frases e palavras a serem escritas pelas crianças com o objetivo de intervir nomodo como escreviam, mas criamos situações em que elas eram incentivadas a estabeleceruma relação funcional com a escrita. Com base nas atividades desenvolvidas pelas criançasdurante o ano letivo, concluímos que, no início, a “criança assimila a experiência escolar deforma puramente externa, sem entender ainda o sentido e o mecanismo do uso de marcassimbólicas” que constituem o uso funcional das letras do alfabeto para recordar, transmitiridéias ou conceitos. Por isso, a criança opera por meios naturais: imita os atos dos adultos aoescreverem e apenas rememora o texto sem o auxílio da escrita. Logo depois, aprende ascaracterísticas externas da escrita e a tentativa de reprodução dessas característicasproporciona uma mudança na atividade gráfica. Então, a escrita deixa de ser aleatória, casual eindistinta para ser organizada a partir de critérios: ao escrever, é necessário colocar espaçosem branco entre os segmentos de letras, é necessário variar as letras em cada cadeia e, em umdeterminado momento, a criança grafa os enunciados do texto com uma quantidade mínima deletras. Desse modo, ela reproduz a forma externa da escrita, mas ainda não compreende queela é um meio para recordar os significados anotados; por isso rememora o texto sem o auxílioda escrita. No momento em que a criança passa a organizar as grafias a partir da análise dasunidades da linguagem oral, a quantidade de letras registradas e a escolha das letras a seremescritas passam a ser reguladas pelas relações que estabelece entre o oral e o escrito. Ossímbolos alfabéticos passam a ser empregados consciente e voluntariamente para representar as unidades da linguagem oral, o que não possibilita que a criança estabeleça uma relaçãofuncional com a escrita. A presença de determinados fatores no conteúdo dos textos que foramproduzidos oralmente pelas crianças propiciou o surgimento de símbolos indiferenciados que,por sua vez, possibilitaram o uso da escrita como recurso para lembrar os enunciados do textoque motivou o registro. Finalmente, observamos que a aprendizagem do caráter alfabético daescrita não proporciona um aprimoramento brusco no modo como as crianças se relacionamcom a escrita para lembrar o texto; para tal, é necessário que aprendam os padrões ortográficosque regem a escrita alfabética.

Nome do Autor: Claudia Maria Mendes Gontijo
Nome do Orientador: Sergio Antonio da Silva Leite
Instituição: Universidade Estadual de Campinas
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2001
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: GONTIJO, Claudia Maria Mendes. O processo de apropriação da linguagem escrita em crianças na fase inicial de alfabetização. 2001. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2001.