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Análises dos pressupostos de linguagem nos cadernos de formação em língua portuguesa do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC
Esta pesquisa teve como objeto de investigação os Cadernos de Formação do Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa ? PNAIC do ano de 2013, do Ministério da Educação. Foi orientada pela seguinte tese: a estrutura dos Cadernos de Formação da Língua Portuguesa do PNAIC, dentre as diversas instâncias de dialogia implicadas na produção discursiva, é pautada por uma conformidade linguístico-normativa que conduz o professor em formação a conceber o trabalho com textos destituídos de dialogicidade com as crianças. Para isto, estabeleci como objetivo central analisar os pressupostos de linguagem, explícitos ou não, nos Cadernos de Formação em Língua Portuguesa dos Anos 1, 2 e 3 das Unidades 1 e 3 do PNAIC; e como objetivos específicos: 1) discutir que concepção de língua sustenta a concepção de alfabetização do PNAIC; 2) evidenciar que os aportes conceituais da proposta de alfabetização do PNAIC estão implicados com o apagamento da linguagem como atividade; e 3) compreender como a concepção de aprendizagem da escrita presente no PNAIC impactaria no processo de alfabetização das crianças. A pesquisa tem como interlocutores os construtos de Mikhail Bakhtin e os aportes da Teoria histórico-cultural, em especial, aqueles relativos à linguagem e à escrita. Trata-se de uma investigação de cunho essencialmente qualitativo. Adotei como metodologia a Pesquisa Documental, segundo o aporte conceitual de Le Goff, e os princípios do Paradigma Indiciário de Carlo Ginzburg como orientação para a escolha e seleção de enunciados dos Cadernos de Formação do PNAIC. Organizei os dados em dois núcleos temáticos: concepção de linguagem/alfabetização e concepção de escrita para garantir melhor sistematização e apresentação das análises. Os resultados do primeiro núcleo indicam que o PNAIC concebe a linguagem, a partir do pensamento filosófico-linguístico do objetivismo abstrato, assim nomeado e criticado por Bakhtin. Essa concepção, nem sempre explicitada, defende o processo de aprendizagem como reconstrução do sistema de escrita alfabética, a partir da ênfase na consciência fonológica. Os documentos do PNAIC apresentam uma concepção de alfabetização comprometida com o apagamento da linguagem, desqualificando a aprendizagem e o domínio da linguagem escrita como processo dialógico e dinâmico, capaz de promover saltos qualitativos e transformadores das funções psíquicas da criança conforme apontamentos de Vigotski. As análises do núcleo temático – concepção de escrita – enfatizam a consciência fonológica como requisito para a alfabetização, pautando assim a escrita na codificação de fonemas em grafemas e não na aprendizagem da palavra sígnica, de enunciados, com sentidos construídos nas relações interdiscursivas no contexto de sala de aula em contínuo movimento dialógico da linguagem humana. A tese evidencia, portanto, que a proposta de alfabetização dos Cadernos de Formação de Língua Portuguesa do PNAIC não contempla efetivamente a contrapalavra das crianças para a efetiva apropriação da linguagem escrita por enfatizar uma formação de professor alfabetizador no âmbito do como ensinar, quando ensinar, o que ensinar, que traduz uma concepção de língua como conjunto de signos e a escrita como representação da linguagem e não a escrita com uma linguagem.
Nome do Autor: Valéria Aparecida Dias Lacerda de ResendeNome do Orientador: Dagoberto Buim Arena
Instituição: Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2015
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: RESENDE, Valéria Aparecida Dias Lacerda de. Análises dos pressupostos de linguagem nos cadernos de formação em língua portuguesa do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC. 2015. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, São Paulo, 2015.