Abec

Abec


     

Modos de ensinar a ler e a escrever: alfabetização como uma prática cultural

Resumo: Assumindo como linha argumentativa a compreensão da alfabetização como uma prática cultural, este trabalho, tendo como referencial teórico-metodológico os estudos da História Cultural, buscou relatar e analisar a prática docente de uma professora alfabetizadora que é considerada representativa da comunidade da qual participa. Por meio de pesquisa de campo realizada no ano de 2016, foram reunidos materiais escolares, cenas de aulas registradas em caderno de campo e diálogos com a professora que se constituíram como fontes materiais da pesquisa, configurada como um estudo de caso. O objetivo foi investigar como as práticas docentes cotidianas se constituem em sua capacidade inventiva de produzir sentidos na tensão entre o que aos professores é destinado e o que eles realizam em sua sala de aula. Assim, o par "disciplina e invenção", juntamente com os conceitos de representação, apropriação e práticas culturais trabalhados por Chartier (1990; 1996; 2004), bem como "táticas e estratégias", memória, relato, operações e ocasião, de Certeau (1985; 2011; 2012) foram essenciais para produzir uma "leitura" analítica da prática docente mais relacionada ao ensino da escrita no 1º ano do Ensino Fundamental. Para tanto, foi necessário recuperar alguns elementos da história da alfabetização no Brasil - de forma sintética mas organizando cronologicamente as disputas entre métodos para alfabetizar, distinções e concepções de alfabetização e letramento e as propostas dos programas de formação de professores - que sinalizam a existência de permanências e rupturas de discursos, propostas, definições e orientações para o trabalho com a alfabetização escolar. Na relação entre os elementos disciplinadores e a atuação singular da professora, buscamos compreender como as práticas inventivas são constituídas a partir das bricolagens dos diferentes saberes - vindos da tradição escolar vividos pelos professores enquanto alunos e depois como professores; das formações inicial e continuada; das representações sociais e culturais da imagem do professor; dos sentimentos mobilizados na ação docente; nas trocas entre os pares, entre outros. Percebe-se um hibridismo nos discursos e nas práticas da professora sugerindo que as permanências e rupturas são apropriadas de forma singular pela docente - e pelos demais professores - compondo o que se entende por prática de alfabetização. Entendendo-a - a alfabetização - como uma prática cultural, assume-se que é acessada pelas representações que norteiam os modos de relação com a sociedade e os com objetos culturais ao mesmo tempo em que os sujeitos são guiados pelas singularidades em uma constante produção de sentidos marcados e situados historicamente. Autores como Roger Chartier (1990; 1996; 2004), Anne Marie Chartier (1998; 2009; 2012), Certeau (2011; 2012), Geraldi (2003; 2010; 2011), Mortatti (2000; 2004; 2010; 2013) e Smolka (2008) são os principais referenciais que orientaram a realização da pesquisa e das análises.

Nome do Autor: Mariana Bortolazzo
Nome do Orientador: Adriana Bauer
Instituição: Universidade Estadual de Campinas
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2019
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: BORTOLAZZO, Mariana. Modos de ensinar a ler e a escrever: alfabetização como uma prática cultural. 2019. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2019.