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Métodos de ensino de leitura no Império brasileiro: António Feliciano de Castilho e Joseph Jacotot
O poeta português António Feliciano de Castilho (1800-1875) propôs diferentes reformas na instrução primária e secundária em Portugal e no Brasil, incorporadas ao projeto da Modernidade, em que a escola calcada no tradicionalismo das instituições de sua época foi projetada como um palco de experimentações, intitulado por ele como o novo dentro de seu projeto de redenção pedagógica e social. Objetivando contribuir com a alfabetização das massas, criou um método de leitura denominado Método Português-Castilho para o ensino rápido e aprazível do ler, escrever e bem falar (1853). Castilho veio ao Brasil em 1855 para realizar sua divulgação. Ele recebeu resistências nessa visita ao Império brasileiro, gerando inclusive o cancelamento de seu curso. Para compreender esses embates em solo brasileiro, tornou-se necessário o conhecimento da vida e obra de sujeitos brasileiros como o professor Costa Azevedo e seus seguidores, autor de um método próprio de leitura fundamentado nos escritos do francês Joseph Jacotot (1770-1840), teórico francês criador da Filosofia Panecástica. Com seu irmão José Feliciano Castilho de Barreto e Noronha (1812-1879), Castilho também travou embates no Brasil na instrução secundária ao evocar um universo clássico, um purismo português e a defesa do vernáculo. A centralidade desta tese abrange os embates que Castilho travou na instrução pública, considerando os seus posicionamentos políticos e pedagógicos que foram combatidos por nacionalistas em um momento de constituição da nação brasileira e de um projeto de língua engendrado aos aspectos históricos, sociais e políticos de um Brasil que se desenhava. O maior desafio metodológico desta pesquisa foi a localização das fontes dispersas, sendo elencadas como compêndios, relatórios de inspetores e diretores-gerais da Instrução Pública, ofícios, requerimentos, fontes jornalísticas, cartas, dentre outras. As discussões sobre Joseph Jacotot foram levantadas a partir de seus manuais, de fontes que circularam no Brasil, como o periódico A Sciencia (1847-1848), e interpretadas pela leitura de Rancière (2005). Na tentativa de dialogar com as produções acerca do tema, a análise será fundamentada em autores como Boto (2012) e Bittencourt (2004), que abordaram os ritos da instrução portuguesa e brasileira. Constatou-se que nos embates travados por Castilho no Brasil oitocentista, para além das marchas pedagógicas do método sintético e analítico do ensino da leitura, o que estava em jogo eram posicionamentos políticos entre os defensores de um liberalismo monárquico pela via de Castilho, com os ideais republicanos preconizados pela via de sujeitos como Costa Azevedo e Valdetaro.
Nome do Autor: Suzana Lopes de AlbuquerqueNome do Orientador: Carlota Josefina Malta Cardozo dos Reis Boto
Instituição: Universidade de São Paulo
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2019
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: ALBUQUERQUE, Suzana Lopes de. Métodos de ensino de leitura no Império brasileiro: António Feliciano de Castilho e Joseph Jacotot. 2019. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.