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O ensino de português para os Kadiwéu - realidade, desafios e estratégias para professores indígenas

A presente pesquisa apresenta necessidades e dificuldades atuais encontradas pelos indígenas kadiwéu em relação ao português escrito, as quais envolvem questões sociais, políticas e educacionais. A fim de avançar na construção de uma educação escolar específica sobre o português para os kadiwéu, lideranças indígenas da aldeia Alves de Barros solicitaram ajuda e orientação. Todo o processo de pesquisa envolveu diretamente representantes kadiwéu e a comunidade escolar, considerando sempre o posicionamento dos indígenas. A investigação da situação escolar contou com pesquisas qualitativas realizadas com professores e aplicação de redação para alunos de várias séries por docentes de diversas disciplinas. Após levantamento e análise do quadro educacional em relação à língua portuguesa na escola pólo Ejiwajegi, decidiuse, juntamente com professores e equipe gestora, que o melhor foco para um resultado prático e eficiente para alcançar o objetivo de melhorar o ensino-aprendizagem do português entre eles, seria capacitar os próprios professores para, então, estes construírem conhecimentos a serem sempre repassados aos alunos de todas as séries. Assim, promoveu-se, no início de 2018, uma capacitação sobre o ensino de português para os professores kadiwéu. O encontro foi realizado na escola da aldeia maior (Alves de Barros) e buscou apresentar dados sobre o ensino de português para indígenas brasileiros, refletir sobre a situação dos kadiwéu em relação a este tema, instruir sobre a abordagem comunicativa e gêneros textuais, bem como orientar na construção da elaboração de sequências didáticas e interdisciplinares. Todo o trabalho foi pensado dentro da especificidade da realidade kadiwéu, com materiais acessíveis e focando em atitudes colaborativas entre os docentes. A respeito de aquisição de português como segunda língua e a escrita em comunidades indígenas foram referenciados estudos realizados por Netto (2012), Amado (2015), Santos (2011), Almeida Filho (1997), D´Angelis (2007), dentre outros. Para contextualizar sobre questões de aprendizagem, alfabetização e letramento apresentam-se estudos de Palfrey e Gasser (2011), Ferreiro (2001, 2002, 2013), Piaget (1970), Vygotsky (1929, 1988), Geraldi (1993, 2006), Freire (1996, 2001), Bakhtin (1990, 2010), Faraco (2009), Colello (2010), Kramer (2000). Sendo o domínio da língua portuguesa, reconhecidamente pelos próprios kadiwéu, necessário para a inclusão dos indígenas na sociedade brasileira, o resultado deste trabalho traz um exercício reflexivo sobre a necessidade de uma formação continuada de professores que contemple o ensino-aprendizagem da língua portuguesa como segunda língua. Ademais, este registro é um novo passo para a orientação e construção de material didático que leve em consideração particularidades culturais e linguísticas kadiwéu. E, mais do que isto, este trabalho revela a urgente vontade destes indígenas por construírem um futuro protagonista, esperando apoio de políticas públicas educacionais que atendam às suas necessidades visando melhorias escolares que consequentemente refletem em avanço social. Não resta dúvida de que os professores kadiwéu não estão negando esforço e trabalho para que sua comunidade tenha instrumentos e condições de manterem sua dignidade e identidade indígena sem medo de enfrentarem as inevitáveis dificuldades que possam surgir fora da aldeia.

Nome do Autor: Lilian Moreira Ayres de Souza Mazoni
Nome do Orientador: Selma Martines Peres
Instituição: Universidade de São Paulo
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2019
Curso: Programa de Pós-Graduação em Letras
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Linguística, Letras e Artes: Artes
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: MAZONI, Lilian Moreira Ayres de Souza. O ensino de português para os Kadiwéu - realidade, desafios e estratégias para professores indígenas. 2019. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Letras) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.