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Entre a leitura tátil e a leitura oral: letramentos de jovens cegos na contemporaneidade

Atualmente, as pessoas cegas podem ler através do Sistema Braille, dos ledores, que são as pessoas que enxergam e leem em voz alta para os cegos, e das tecnologias digitais por meio do sintetizador de voz de programas leitores de tela. Diante dessas diferentes possibilidades, esta pesquisa teve como objetivo geral compreender como ocorrem os letramentos de jovens cegos na contemporaneidade, para contribuir com a discussão no campo da educação, sobretudo no que se refere ao ensino da leitura e da escrita. Os objetivos específicos foram conhecer quais eventos de letramento são vivenciados pelos jovens cegos, em diferentes espaços sociais; identificar os sujeitos e/ou artefatos mediadores desses eventos. Foi adotada a concepção dos letramentos sociais proposta pelos Novos Estudos do Letramento (New Literacy Studies), que busca compreender os usos que as pessoas fazem da leitura e da escrita nos diferentes contextos socioculturais. Para discutir leitura e escrita foi utilizada a perspectiva interacionista, que se baseia na concepção bakhtiniana de linguagem. Foi realizado um estudo qualitativo e utilizada a entrevista semiestruturada como dispositivo de pesquisa. As categorias analisadas, elaboradas com base no referencial teórico, foram os eventos e práticas de letramento vernaculares e seus respectivos sujeitos e artefatos mediadores e os eventos e práticas de letramento dominantes e seus respectivos sujeitos e artefatos mediadores. Participaram da investigação cinco jovens cegos, de 11 a 18 anos de idade, que frequentam escolas públicas e particulares no estado da Bahia e um Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE), em Salvador. No que se refere aos letramentos dominantes, os resultados desta pesquisa demonstraram que os sujeitos participam apenas de práticas de letramento escolar, tendo como principal artefato mediador os ledores (colegas, professores e familiares). Já as práticas de letramento vernaculares ocorrem em casa e na escola (no intervalo das aulas, na chegada e saída) e o celular é o principal artefato mediador desses eventos de letramento. O braille não faz parte das práticas de letramento vernaculares, sendo utilizado apenas para algumas tarefas escolares e os jovens relataram também que preferem ler através das tecnologias digitais ou dos ledores. Ainda há, porém, muita dificuldade para obter livros em formatos acessíveis (seja em braille ou digital). A partir dos relatos, foi possível perceber que a esfera escolar valoriza mais a leitura pelo sistema em relevo. No entanto, no dia a dia desses jovens, as tecnologias digitais e os ledores são os principais mediadores das práticas letradas. Nesse sentido, os resultados deste estudo apontam que o braille deve continuar sendo ensinado, por favorecer o processo de alfabetização e também por ainda ser o único sistema que propicia o contato imediato com a ortografia das palavras, mas é importante haver também políticas públicas de incentivo ao uso dos computadores portáteis desde as séries iniciais do Ensino Fundamental. A leitura com o apoio da oralidade é frequente no cotidiano dos jovens cegos e os modos e meios de ler e escrever em tempos de tecnologias digitais devem ser valorizados pela esfera escolar e tornarem-se também um objeto de ensino.

Nome do Autor: Amanda Botelho Corbacho Martinez
Nome do Orientador: Silvia Cristina Yannoulas
Instituição: Universidade Federal da Bahia
Estado:Bahia
Ano Publicação: 2019
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: MARTINEZ, Amanda Botelho Corbacho. Entre a leitura tátil e a leitura oral: letramentos de jovens cegos na contemporaneidade. 2019. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2019.