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Alfabetização e letramento de crianças cegas em diferentes contextos

Esta pesquisa buscou investigar os processos de alfabetização e letramento da criança cega em um contexto cultural vidente para conhecer e compreender os significados construídos sobre os eventos e práticas de letramento vivenciados por duas crianças com cegueira congênita em seus contextos socioculturais. A pesquisa de campo, realizada no ano de 2015, em Belo Horizonte, contou com a participação das crianças, seus familiares, as professoras das classes comuns e do Atendimento Educacional Especializado. Os fundamentos teóricometodológicos alMairam aportes teóricos da abordagem Etnográfica (GREEN; BLOOME, 1982; GREEN; DIXON; ZAHARLICK, 2005); dos Novos Estudos do Letramento (GEE, 1991; STREET, 1984; 2014; BARTON; HAMILTON, 1998); da Sociolinguística Interacional (GUMPERZ, 2013; TANNEN; WALLAT, 2013; ERICKSON; SHULTZ, 2013); e do Modelo Social da Deficiência (DINIZ, 2007). A abordagem etnográfica e seus instrumentais possibilitaram a geração de dados através da observação participante, entrevistas semiestruturadas e conversas informais para compreender como as crianças participam, constroem e reconstroem práticas letradas em seu cotidiano. Dos dados etnográficos confrontados com os pressupostos teóricos, concluí que as crianças apropriam-se de práticas letradas a partir da convivência com as práticas de letramento em seus contextos familiares e escolares. A participação em situações interacionais mediadas pela escrita constituíu-se em experiências importantes para a aprendizagem de práticas letradas por essas crianças. Os diversos eventos de letramento possibilitaram-lhes construir referências sobre a função da escrita, mesmo sem o domínio da escrita Braille ou de tecnologias assistivas. Ao participarem de situações de uso da escrita elas partilham saberes da cultura letrada, mesmo que enfrentem adversidades resultantes de um contexto sociocultural visuocêntrico, que exclui ou impede a inserção plena das pessoas cegas. Sob a perspectiva do letramento como prática social, desconstrói-se a concepção de que as crianças cegas não têm acesso à cultura escrita até ingressar na escola e aprender o Braille. Por estarem imersas na cultura escrita, com o apoio adequado voltado para as suas habilidades e não para as suas dificuldades elas podem desenvolver crescente autonomia ao participarem de eventos e práticas de letramento de seus contextos sócio-culturais.

Nome do Autor: Kátia Regina da Silva
Nome do Orientador: Maria Lúcia Castanheira
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Estado:Minas Gerais
Ano Publicação: 2018
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: SILVA, Kátia Regina da. Alfabetização e letramento de crianças cegas em diferentes contextos. 2018. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2018.