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O ensino da escrita frente aos desafios das avaliações externas: aprendizagem ou treinamento?

A presente pesquisa teve como objetivo analisar as práticas pedagógicas para o ensino da escrita no 2º ano do ensino fundamental de um município da região norte cearense, tomando por base os tipos ideais de ensino da escrita que norteiam essas práticas e as atividades que são propostas para as crianças. Como aporte teórico, utilizamos os pressupostos socio-históricos da aprendizagem representados por Vygotsky (1988) em diálogo com a perspectiva psicogenética acerca da construção da linguagem escrita pela criança de Ferreiro e Teberosky (1999), relacionando-os com as proposições de Soares (1998) sobre o ensino da escrita a partir dos conceitos de alfabetização e letramento. Devido ao fato de o referido município ter avançado do último para o primeiro lugar no ranking das avaliações externas, a pesquisa se caracterizou como um Estudo de Caso Instrumental, conforme descrito por Stake (1999), uma vez que esse caso funcionou apenas como um instrumento para facilitar nossa compreensão de algo que vai muito além do caso em si, ou seja, o modo como estão sendo alfabetizadas no contexto das avaliações de desempenho. Os instrumentos metodológicos utilizados neste estudo de caso foram a observação, a entrevista semiestruturada e a coleta de amostras de proposição de atividades de escrita feita por 05 professoras alfabetizadoras que atuam no 2º ano do ensino fundamental. O conjunto desses dados nos permitiu a construção de três tipos ideais de ensino da escrita, a partir dos quais analisamos as tendências dominantes de ensino da escrita que os diferenciam entre si em termos de concepções e práticas pedagógicas das professoras. São eles: a) ensino de um código para ser lido (decifrado), b) introdução à escrita como uma prática social e c) treinamento a serviço das avaliações externas. No primeiro tipo ideal, a tendência é a de priorizar a compreensão da criança sobre os aspectos mais estruturais da composição das palavras escritas. No segundo, a tendência dominante é aquela marcada por uma breve introdução das crianças no universo de algumas práticas sociais de uso da linguagem escrita, mas que não chega a produzir efeitos mais satisfatórios no que diz respeito a formar bons escritores de texto. Por fim, no terceiro tipo ideal, a tendência dominante é a de controle sobre os processos de aprendizagem das crianças por meio de um treinamento ostensivo, com avaliações de exercícios escritos em busca por resultados quantitativos. Podemos concluir que a política de avaliações externas precisa ser revista no Estado do Ceará, uma vez que vem interferindo de modo contraproducente na prática pedagógica das professoras e, por conseguinte, nos processos de alfabetização e de letramento das crianças.

Nome do Autor: Maria Rosilane da Costa
Nome do Orientador: Messias Holanda Dieb
Instituição: Universidade Federal do Ceará
Estado:Ceará
Ano Publicação: 2018
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: COSTA, Maria Rosilane da. O ensino da escrita frente aos desafios das avaliações externas: aprendizagem ou treinamento?. 2018. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal do Ceará, Ceará, 2018.