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Na trilha do desejo: o diagnóstico da subjetividade no ensino fundamental

A partir dos processos históricos que marcam a alfabetização no Brasil, da realidade em que vivemos (que não garante a alfabetização da maioria até o 3º ano do EF1) e dos desafios relacionados à efetiva inclusão de todos os alunos, como estabelecer um diagnóstico que contribua para uma escola focada na relação ensino/aprendizagem? O objetivo principal desse trabalho foi caracterizar o diagnóstico da subjetividade, recortado como um olhar para a subjetividade infantil e um manejo que se estabelece a partir da compreensão de alguns aspectos dessa subjetividade afeitos à escolarização. Como objetivo secundário verificou-se como participantes do Projeto Desafios (O Desafio de ensinar a leitura e a escrita no Fundamental de 9 anos) assimilaram as estratégias do Projeto, para refletir sobre como as pesquisas acadêmicas podem incidir de maneira mais efetiva no chão da escola. Entrevistamos sete professores e/ou pesquisadores ligados ao Projeto e quatro educadores que atuam como diretores/coordenadores, a partir de três parâmetros: 1. A atenção flutuante; 2. As histórias de vida e 3. O relato da experiência individual com a educação. A análise incluiu estratégias da psicanálise, da teoria das representações sociais e da história oral temática e de vida, promovendo uma transcriação dos discursos individuais para a constituição de um discurso coletivo. Teoricamente, embasamo-nos no diagnóstico das condições subjetivas de letramento e nas estratégias de enfrentamento nomeadas como ponto de giro, em relação com a conceituação de vida espontânea e essencial, conectada à ideia de que essa vida só pode ser social e marcada pelo compromisso civilizatório. Para pensar as relações dos alunos com o saber, buscamos refletir sobre o universo simbólico infantil e o lugar que a escola assume nesse universo, pensando na constituição de um ambiente capaz de mobilizar a criança. Concluiu-se que o prisma gerado a partir do diagnóstico da subjetividade desnuda a corporalidade infantil, decomposta nas ideias de corpo, memória e linguagem, a curiosidade, a fantasia e a imaginação e o sentimento de alteridade que sustenta o senso de pertencimento e cidadania. Também são elementos para a reflexão o contexto familiar e a escolaridade anterior. As intervenções mobilizadoras deslocam a criança de seus entraves, mas também propõem uma escolarização mais atraente, desafiadora e contextualizada, que encara as dificuldades como inerentes a todo processo, implicando educadores e alunos na jornada. Esse olhar permite também que não se cristalizem as dificuldades, distanciando a escola dos rótulos socioeconômicos e medicalizantes. O olhar singular para a criança e o grupo extrai da heterogeneidade seus valores e potencialidades e é por essa vivência que o aluno se torna um adulto capaz de sustentar sua singularidade, respeitando a diversidade. Um projeto pedagógico coletivo, com profissionais focados nos objetivos por série, são condições para o diagnóstico da subjetividade, porém o fraco repertório ofertado na academia e a falta de estrutura para trabalhar constituem impedimentos para o estabelecimento dessa postura profissional.

Nome do Autor: Mariana de Campos Pereira Giorgion
Nome do Orientador: Claudemir Belintane
Instituição: Universidade de São Paulo
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 2018
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico:
Assunto:
Referência: GIORGION, Mariana de Campos Pereira. Na trilha do desejo: o diagnóstico da subjetividade no ensino fundamental. 2018. Tese de Doutorado (Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.