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Consciência fonológica: o saber e o fazer de professoras alfabetizadoras

Este estudo teve como objetivo discutir as relações entre a apropriação do conhecimento acerca da consciência fonológica (CF) por professoras alfabetizadoras e o trabalho de reflexão fonológica desenvolvido por elas em sala de aula. Buscamos, então, numa primeira etapa, identificar, através de entrevistas individuais, o que professoras alfabetizadoras demonstravam saber sobre esse tópico. Numa segunda etapa, observamos práticas de duas alfabetizadoras para identificar se realizavam e como realizavam reflexão fonológica com seu grupo de crianças. Para o desenvolvimento da investigação, apoiamo-nos em estudos sobre a CF que destacam os seguintes aspectos: conceito; relevância para o processo de alfabetização; quando iniciar o trabalho pedagógico para o desenvolvimento de habilidades fonológicas e atividades didáticas envolvendo tais habilidades. Baseamo-nos, também, em estudos que discutem os saberes e as práticas docentes. As 10 professoras participantes da 1ª etapa da pesquisa lecionavam no 1º ano do ensino fundamental de escolas públicas da rede municipal de ensino do Recife. Desse grupo inicial, duas docentes participaram da 2ª etapa em que realizamos a observação de 10 aulas na sala de cada uma delas. Tanto no tratamento das entrevistas quanto na exploração das observações, lançamos mão das etapas de análise propostas por Bardin (2011). A partir de então, buscamos perceber relações entre o que as professoras demonstraram saber sobre a CF nas entrevistas e o trabalho realizado com as habilidades fonológicas em sala de aula. Os resultados mostraram que, em geral, as professoras têm conhecimentos importantes a respeito da CF, mas, por outro lado, apresentam dificuldade de fundamentar claramente tais noções. Dessa forma, os conhecimentos revelados sobre a CF são, geralmente, genéricos ou um tanto vagos. As duas professoras que participaram da segunda etapa da pesquisa apresentaram perfis de saber sobre a CF muito próximos, o que gerou a expectativa de que suas práticas de reflexão fonológica também seriam semelhantes. Tal expectativa, entretanto não se concretizou. Enquanto a professora 2 desenvolveu um trabalho de reflexão fonológica de forma intensa e diversificada, tomando a maior parte da jornada diária de aula; focado, quase sempre, em um dos segmentos sonoros da palavra e mobilizando diversas operações cognitivas dos seus alunos; a professora 7 realizou poucos momentos de reflexão fonológica com seu grupo, além de um trabalho pouco diversificado e menos focado em segmentos sonoros específicos. Constatamos, então, que, diferentemente da aproximação que ocorreu na expressão dos saberes durante as entrevistas, as práticas observadas das duas professoras se mostraram bem distintas. Nesse contexto, concluímos que a prática (docente) não é a transposição literal de uma teoria/de um conhecimento e que elementos contingenciais, tais como espaço inadequado, falta de condições materiais, relações interpessoais conflitantes, podem ser decisivos no desenvolvimento dessa prática.

consciência fonológica; alfabetização; saberes docentes; práticas docentes.

 

Nome do Autor: Jose Carlos de Franca Filho
Nome do Orientador: Ana Carolina Perrusi Brandão
Instituição: Universidade Federal de Pernambuco
Estado:Pernambuco
Ano Publicação: 2015
Curso:
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico:
Assunto:
Referência: FILHO, Jose Carlos de Franca. Consciência fonológica: o saber e o fazer de professoras alfabetizadoras. 2015. Dissertação de Mestrado (Selecione...) - Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 2015.