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O ensinar, o aprender e o não aprender nos anos iniciais do ensino fundamental: um estudo das significações de professores, pedagogos, alunos e seus responsáveis

O presente estudo teve como objetivo analisar a produção de sentido sobre o ensinar, o aprender e o não aprender escolar, a partir das significações dos entrevistados produzidas em entrevistas que focalizaram esses temas. A pesquisa é de caráter qualitativo e interpretativo e se apoiou nas teses do referencial teórico proposto por Mikhail Bakhtin e seu círculo e Lev Vygotsky e seu grupo, cujo foco concentra-se no papel do outro e da medição semiótica na constituição dos sujeitos. A referência para a metodologia utilizada foi a abordagem microgenética, que tem como característica descrever e interpretar as intersubjetividades humanas, assegurando a sua concretude, ou seja, considerando as dimensões históricas, sociais e culturais dos sujeitos pesquisados. Participaram da pesquisa duas pedagogas, onze professoras dos anos iniciais, trinta e um alunos e vinte e cinco pais/responsáveis. O trabalho de campo teve a duração de quatro meses. As entrevistas foram gravadas e depois transcritas. O processo de análise gerou quatro eixos com base nos quais se organizaram os resultados obtidos: 1. A questão do desenvolvimento humano; 2. O problema da patologização dos alunos; 3. A ênfase conferida à “alfabetização”; e 4. Os impactos causados pelas ênfases da política educacional. Entre os resultados obtidos cabe destacar a presença da noção de maturação e hereditariedade para explicar o desenvolvimento e a aprendizagem infantil. A produção de sentidos das pedagogas, professoras, e até dos pais e responsáveis, para explicar tanto a aprendizagem quanto a não aprendizagem escolar, ficou centrada em torno do comportamento do aluno, da participação ou não da família e das possíveis patologias. Também foi possível constatar que, no referido contexto escolar, existia a prática consolidada de requerer a intervenção de profissionais da saúde quando o rendimento dos alunos não correspondia ao esperado. Nestes casos, os critérios para o encaminhamento dos alunos tidos como portadores de alguma dificuldade de aprendizagem, para outros profissionais, eram os mesmos, numa espécie de passo a passo que começava com a comunicação e/ou contato com a família a fim de partilhar a questão, seguida da indicação de buscar um profissional da área da saúde e que, em geral acabava com a produção de um laudo acompanhado de medicalização. A tentativa de se alcançar os objetivos propostos, derivados da política educacional, (re)define o que ensinar e também o tempo para aprender e, nesse processo, acabam se estabelecendo os percursos e as possibilidades do processo de escolarização dos alunos. Nesse contexto, percebe-se a ausência de percepção da necessidade de se repensar sobre as multideterminações que conduzem os profissionais da educação a tais práticas, de modo que fossem colocadas em questão as propostas avaliativas vigentes, entendidas como instrumento que tem orientado a organização e a prática pedagógica, gerando, entre outras consequências, o estreitamento do currículo, e a intensificação nas tensões entre professores e alunos, professores e direção, professores e pais.

Nome do Autor: Suziane Ferreira de Castro Delpra
Nome do Orientador: Carlos Toscano
Instituição: Universidade Estadual de Londrina
Estado:Paraná
Ano Publicação: 2017
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: DELPRA, Suziane Ferreira de Castro. O ensinar, o aprender e o não aprender nos anos iniciais do ensino fundamental: um estudo das significações de professores, pedagogos, alunos e seus responsáveis. 2017. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Estadual de Londrina, Paraná, 2017.