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Entrada na escola, saída da escrita

 Esta pesquisa tem como objeto de estudo a investigação da relação de crianças de camadas populares com a escrita, em dois momentos específicos: o primeiro, em que se relacionam com a escrita por intermédio de suas famílias e de seu grupo social, antes do ingresso à escola; e o segundo, imediatamente após o contato da criança com a escolarização formal. A intenção seria de encontrar subsídios que direcionassem a compreensão da situação de crianças que terminam por tornar-se incapazes de aprender a ler e a escrever, apesar de apresentarem condições para tanto. Quanto à metodologia, optou-se pela realização de um estudo de caso, no período de três meses, em uma escola da rede estadual de ensino de Belo Horizonte. Foram entrevistadas várias crianças, com idade média de 7 anos e que estavam prestes a cursarem a 1ª série do 1º grau, além de pais, professores e especialistas. Os instrumentos de pesquisa se constituíram de observação, registros condensados em um diário de campo, coleta de material para análise, fotografias e gravações em fita cassete. Para a análise do processo de alfabetização figurante na escola, foi selecionada uma turma de 1ª série. A coleta de documentos para análise se restringiu ao recolhimento de desenhos feitos pelas crianças durante as entrevistas, de cadernos ou de folhas avulsas que eram utilizados no período anterior à entrada na escola e que foram cedidos à pesquisadora. Na escola, foram recolhidas algumas produções das crianças como desenhos e exercícios. A análise dos dados coletados foi realizada a partir de diversas leituras dos diários de campo, das transcrições da fitas e dos materiais coletados. Essas leituras possibilitaram o agrupamentos dos dados conforme a recorrência de aspectos comuns. Tais agrupamentos foram confrontados entre si, no intuito de identificar coincidências, divergências, contradições e complementaridades. A autora concluiu que, para muitas crianças, a entrada na escola não significava um aumento do seu contato com a escrita, mas, pelo contrário, uma diminuição desse contato, uma vez que a escrita se fazia mais presente para essas crianças fora da escola do que no seu interior. Essa evidência reflete o fato de que o código escrito, antes de ser um objeto escolar, é um objeto social e, em conseqüência disso, as crianças com ele interagem antes mesmo de ingressarem na escola.

Nome do Autor: Maria Lúcia Castanheira
Nome do Orientador: Magda Becker Soares
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Estado:Minas Gerais
Ano Publicação: 1991
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: CASTANHEIRA, Maria Lúcia. Entrada na escola, saída da escrita. 1991. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 1991.