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Entre a oralidade e a escrita: o desenvolvimento da representação de discurso

O objetivo deste é estudar a gênese do discurso narrativo escrito em duas crianças (um menino e uma menina) em fase de alfabetização, alunos de uma escola pública em Belo Horizonte, MG. Os dados foram obtidos através de gravação de entrevistas, processos interlocutivos e enunciações. Compondo ainda a metodologia utilizada, a autora pedi aos sujeitos que ditassem e "fingissem" que estavam lendo histórias. Em seguida examina a atividade enunciativa das crianças em três entrevistas realizadas durante o ano de 1993. Nesta pesquisa, o discurso verbal pode, então ser definido como o produto ou a manifestação, da atividade lingüística de um falante na relação com outros falantes, no contexto de uma relação intrelocutiva. A relação dos dois sujeitos com a escrita enquanto sistema gráfico, iniciada antes da escola, se desenvolveu em função das condições de interação com esse objeto que lhes foram oferecidas em sala de aula. Estes, ao final do ano letivo, foram capazes de escrever o próprio prenome, sabiam copiar palavras escritas e ensaiavam a grafia de palavras ditadas pela professora; foram também capazes de identificar grafemas para decodificar sílabas e palavras, pelo processo de soletração, estando a menina, nesse momento, mais próxima do domínio do código escrito que o menino. Para compor esta pesquisa, a autora parti da hipótese de que, quando chegam à escola, as crianças que construíram de maneira espontânea, seu conhecimento da língua - oral -, já iniciaram e dão continuidade ao seu processo de construção do conhecimento da escrita. Neste sentido, as propostas de elaboração discursiva são, basicamente, de três tipos: a) produção de histórias ditadas para a entrevistadora; b) "leitura" de histórias infantis escritas; c) "leitura" de narrativas infantis não-verbais. Paralelamente, os sujeitos produziram pequenos relatos espontâneos. Quanto ao seu conhecimento do gênero narrativo verbal, a análise verificou que os discursos produzidos pelas duas crianças, espontaneamente ou em atividade proposta em entrevista, eram narrativas bem estruturadas e pertinentes à situação, com exceção do texto de cartilha escolar. Do ponto de vista genético, pôde-se observar indícios do desenvolvimento lingüístico e cognitivo dos sujeitos ao longo do ano em que foi feita a pesquisa. No entanto, há outro aspecto que se pode perceber o progresso dos sujeito. Trata-se de sua capacidade de realizar mais adequadamente a atividade de ditar um texto para ser escrito. A análises das atividades de produção de narrativas alheias, verbais ou não-verbais, vem confirmar que os sujeitos dominam uma gama de processos de formulação discursiva e os empregam em função das circunstâncias da enunciação. Conclui-se que o acesso para o mundo da escrita é determinado por fatores históricos, culturais e ideológicos. Sua compreensão requer a consideração do contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida uma determinada comunidade lingüística.

Nome do Autor: Maria da Graça Costa Val
Nome do Orientador: Magda Becker Soares
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Estado:Minas Gerais
Ano Publicação: 1996
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: VAL, Maria da Graça Costa. Entre a oralidade e a escrita: o desenvolvimento da representação de discurso. 1996. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 1996.