Abec

Abec


     

O ciclo básico de alfabetização em Minas Gerais: o risco da fogueira

A pesquisa teve por finalidade analisar a proposta do Ciclo Básico de Alfabetização (CBA) instituída por resolução da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE-MG), em dezembro de 1984, em escolas que ofereciam o ensino de 1º grau. Nesse sentido, procura situar os limites e possibilidades da construção da nova política de alfabetização à luz dos princípios fundamentais do plano educacional brasileiro e dos pressupostos do CBA, bem como de suas normas e dispositivos legais. Ao selecionar a proposta do Ciclo Básico de Alfabetização como tema de pesquisa, foi interesse imediato da autora deter-se na especificidade do processo de ensino-aprendizagem da leitura e escrita; tendo como motivo principal o de terem sido suas atividades profissionais muito articuladas a essa prática. Dessa forma, a investigação processou-se em dois planos: conhecer a proposta do CBAj, segundo a intenção da SEE-MG e conhecer sua decodificação e implementação em escolas estaduais de Belo Horizonte. Inicialmente, optou-se pelo conhecimento da literatura produzida pela secretaria estadual, a partir de 1983, com vistas à interpretação da documentação oficial e técnica. Em seguida, a pesquisadora selecionou 4 escolas da rede estadual de ensino de BH, baseando-se na coleta de informações nos anos de 1985 e 1986; quando se completou o 1º Ciclo Básico de Alfabetização. Foram realizadas, nesse conjunto, entrevistas ao nível de escolas, obtendo-se informações, tanto de natureza fatual - organização e desenvolvimento do trabalho coletivo da escola e do processo de alfabetização - quanto de natureza opinativa - função da escola, significado da alfabetização e da proposta do CBA e o posicionamento dos profissionais de ensino frente ao aluno proveniente das camadas populares. Procurou-se também registrar a história contada pelos agentes implementadores - diretores, supervisores pedagógicos e de professores das classes de alfabetização - e a história documentada, através das seguintes fontes: Regimento Escolar; Livro de Atas de Reuniões e de Matrícula; Instrumentos de Registro da vida escolar; Planejamento global das atividades; Plano curricular; Planos de aulas; Fichas de Acompanhamento da aprendizagem e cadernos de alunos. O estudo da implementação da proposta do CBA veio demonstrar que não houve ajustamento das escolas investigadas às decisões e formulações iniciais da Secretaria Estadual, buscando-se, pois, a manutenção de um verdadeiro conservadorismo pedagógico, vigente no sistema de ensino. De acordo com os depoimentos e dados coletados, as escolas investigadas que se integram ao CBA têm pouca clareza à respeito da proposta pedagógica explicitada no projeto. Foi detectado, pois, um certo descompasso entre o órgão planejador (Secretaria) e as agências implementadoras (escolas), no sentido de sistematizar alternativas concretas que fundamentem um projeto pedagógico de alfabetização à serviço dos segmentos minoritários sócio e economicamente.

Nome do Autor: Eliza de Oliveira Barbosa
Nome do Orientador: Léa Pinheiro Paixão
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
Estado:Minas Gerais
Ano Publicação: 1991
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: BARBOSA, Eliza de Oliveira. O ciclo básico de alfabetização em Minas Gerais: o risco da fogueira. 1991. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 1991.