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Saber docente e ensino de língua materna nas séries iniciais

O objetivo deste estudo é investigar os eixos constitutivos do ensino da língua materna nas áreas iniciais, na rede pública estadual, tomando por base as falas dos professores sobre sua própria prática e considerando o impacto do discurso sobre alfabetização e consrtutivismo, que se configurou nos anos 80. A autora parte de uma análise dos documentos publicados pela CENP, no período entre 1983 a 1993, dirigidos a professores alfabetizadores, e em seguida a análise das entrevistas aplicadas às 5 professoras da amostra. As escolas nas quais trabalham os sujeitos desta pesquisa atendem à clientela de nível sócio-econômico baixo, localizadas na periferia da grande São Paulo. A implantação do ciclo básico na rede pública paulista, enfocou a necessidade de o professor alfabetizador compreender melhor os caminhos que a criança percorre no seu processo de aprendizagem da língua escrita, enfatizando a necessidade de o docente propiciar estratégias que auxiliassem a criança nesse percurso. Nesse sentido, essa pesquisa busca uma melhor compreensão de como se dá a prática hoje o ensino da língua materna nas séries iniciais, a fim de contemplar uma habilidade de leitura e escrita que vá além da decifração das palavras. Emerge das falas das professoras uma forte preocupação com a função social da escrita, com os usos sociais dos diferentes tipos de textos, para que servem e em que situações sã usados. Explicitam ainda, aspectos que caracterizam o esquema básico do trabalho por elas desenvolvido: produção de texto, interpretação de texto, gramática. Colocam em evidência que o texto é ainda considerado pretexto para as aulas de gramática, aumento de vocabulário e redação, com o objetivo de levar o aluno ao domínio da norma culta. Para tanto, utilizam como metodologia principal a reescrita. A dificuldade que as professora têm em lidar com o conteúdo pode ser analisado por dois ângulos: a relação que estabelecem com o livro didático, e a ênfase em abordar temas ligados ao universo da criança. Como não há momentos para que os alunos estudem ortografia separadamente, o aluno fica impossibilitado de rever seus próprios erros. Nesse sentido, a atitude é paradoxal: ao mesmo tempo que há um controle rigoroso no que diz respeito às informações que o aluno coloca ou omite no texto, há complacência em relação ao jeito que ele escreve. Consequentemente, ao rejeitar uma prática autoritária, característica do ensino tradicional, as professoras adotam o discurso construtivista, em sua superfície, e articulam-no a um outro discurso que já estava posto e legitimado como oposição ao ensino tradicional : o referencial escolanovista, a valorização do aluno como centro do processo, a preocupação com as dinâmicas de grupo... Conclui-se portanto que, a capacitação dos professores deve ser repensada a partir da prática e não da teoria; não individualmente, mas da escola como um todo, para que desta forma se possa refletir sobre questões que necessitam ser modificadas.

Nome do Autor: Suely Aparecida Amaral
Nome do Orientador: Clarilza Prado de Sousa
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Estado:São Paulo
Ano Publicação: 1996
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Dissertação de Mestrado Acadêmico
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Proposta Didática
Referência: AMARAL, Suely Aparecida. Saber docente e ensino de língua materna nas séries iniciais. 1996. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1996.