Abec

Abec


     

O processo de alfabetização: representações construidas por alunos da série inicial bem sucedidos e mal sucedidos e por suas professoras

Este estudo objetivou investigar as representações sociais do processo de alfabetização construídas por alunos das camadas populares, ao final da série inicial, bem sucedidos e mal sucedidos, comparando-as àquelas construídas por suas professoras. O estudo foi realizado em uma escola da rede municipal de ensino na periferia da cidade de Juiz de Fora (MG), participando dele 40m alunos e 20 professores. Os dados foram coletados através de entrevistas, associação-livre, escolhas-hierarquizadas-sucessivas, teste do núcleo central, bem como a observação em sala de aula e consulta aos arquivos da escola. O conceito de representação social aqui utilizado, se refere a uma modalidade particular de conhecimento, o saber do senso comum, constituído por um conjunto de informações, crenças, opiniões e as atitudes partilhadas por um grupo a respeito de um dado objeto social. Assim, as representações sociais podem contribuir tanto para o sucesso e o fracasso escolar, como esse fracasso ou esse sucesso podem ser constituintes dessas representações. Por isso, os alunos oriundos das camadas populares têm uma dupla tarefa no seu processo de alfabetização: além de terem que compreender o que a escrita representa, eles têm que aprender a utilizá-las. Entretanto, nem todos os alunos fracassam nesse embate lingüístico que acontece na escola. As análises realizadas nesta pesquisa sugerem que as crianças bem sucedidas na alfabetização se envolvem mais com materiais escritos extra-escolares, contam com a ajuda da família e não se consideram construtoras de seu processo de aquisição da lectoescrita. Resumindo as condições para o aprendizado da leitura, observa-se que as professoras atribuem muita responsabilidade ao papel do aprendiz, sugerindo que seu fracasso na aprendizagem da leitura deriva do seu empenho insuficiente. Essa atribuição parece funcionar como mecanismo de defesa para as professoras, camuflando seu despreparo técnico-metodológico para conduzir o processo de alfabetização. Os critérios de avaliação parecem estar ancorados na proposta curricular do Estado de Minas Gerais que sugere como objetivos para o CBA ouvir, falar, ler e redigir pequenos textos e, ainda, nos discursos pedagógicos atuais. Desta modo, os suportes teóricos-metodológicos utilizados pelas professoras se mostram comprometidos com as concepções mais tradicionais da língua. A análise dos dados permitiu concluir que a representação de alfabetização construída pelos alunos bem sucedidos é parcialmente diferente da representação construída pelos mal sucedidos, e ambas são diferentes das construídas pelas professoras.

Nome do Autor: Dea Lucia Campos Pernambuco
Nome do Orientador: Alda Judith Alves Mazzotti
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Estado:Rio de Janeiro
Ano Publicação: 1998
Curso: Programa de Pós-Graduação em Educação
Grau do Trabalho: Tese de Doutorado
Área: Ciências Humanas: Educação
Tipo de Pesquisa:
Referencial Teórico: Em análise
Assunto:Em análise
Referência: PERNAMBUCO, Dea Lucia Campos. O processo de alfabetização: representações construidas por alunos da série inicial bem sucedidos e mal sucedidos e por suas professoras. 1998. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.