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Letra A • Quarta-feira, 27 de Julho de 2016, 10:44:00
Nossa língua brasileira
Sequência didática estimula a reflexão sobre as origens da língua falada no Brasil
Por Natália Vieira
Do questionamento de um estudante podem surgir várias atividades. É o que prova a professora Luciana Carneiro, do 1º ano da Escola Municipal Professora Claudete da Silva Vecchi, em Bauru (SP). Após um de seus alunos falar: “Professora, a gente fala língua brasileira e não [língua] portuguesa”, Luciana desenvolveu uma sequência didática a partir dessa reflexão da criança. Para que seus alunos conhecessem a origem e a evolução das línguas, a professora fez, com o auxílio de livros e vídeos, uma contextualização histórica. “É um conteúdo um pouco extenso e até um pouco complicado para as crianças, porque é uma volta no tempo que eu acho que uma criança de 5 ou 6 anos não consegue visualizar de forma tão fácil”, explica.
Após levar as crianças a entenderem que a língua portuguesa foi “trazida” ao Brasil, foi o momento de refletir sobre as contribuições dos povos indígenas e africanos para a ‘língua brasileira’. O livro Abaré, de Graça Lima, motivou a imersão no universo linguístico indígena: a turma aprendeu vocábulos da classe de substantivos próprios, aproveitando que o estudo de nomes faz parte do currículo do primeiro ano. Já a cultura africana foi trabalhada a partir dos livros O filho do vento e Contos ao redor da fogueira, de Rogério Andrade Barbosa. O questionamento de um aluno sobre o significado da palavra turbante, que é utilizada em um dos livros, deu origem a uma oficina de turbantes com uma estudante africana, que também deu uma entrevista para as crianças sobre a cultura de sua terra natal.
Como os alunos tiveram contato com muitos nomes de outras culturas, Luciana propôs, para finalizar a experiência, a criação de um “Nomenário”, um dicionário de nomes próprios, que também foi o instrumento para apresentar às crianças outro fenômeno da língua: a ordem alfabética. “Nós tinhamos vários nomes, como íamos organizar esse dicionário? Como temos a lista de chamada da sala, sugeri organizarmos o nomenário conforme a nossa lista, que está na ordem alfabética”, conta.
O que começa com…
Professora elabora projeto para aprimorar conhecimentos da turma sobre o alfabeto
Por Natália Vieira
Após realizar uma testagem com suas duas turmas de 1º ano e concluir que a maioria de seus alunos não dominava o alfabeto ainda, a professora Sílvia Gonçalves, da Escola Municipal Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Porto Alegre (RS), desenvolveu o projeto O que começa com…, que teve como objetivo principal promover a identificação das letras iniciais de palavras. A proposta da professora era produzir livros individuais – inspirados no livro de Ingrid Bellinghausen, de mesmo nome do projeto – para que as crianças sistematizassem seus conhecimentos. A ideia era a de ter “esse material como referência, [para] que eles pudessem consultar”, explica Sílvia.
Após confeccionarem o livro, como tarefa de casa, as crianças trouxeram objetos, imagens ou desenhos cujos nomes começavam com a letra “A”. Sílvia, então, fez uma roda com os alunos para que eles explorassem os materiais trazidos, discutindo o que eram e seus usos. “Em seguida, receberam seus livros e foram registrando coisas que começavam pela letra ‘A’”, conta a professora, que deu a opção para que escrevessem ou não o nome do objeto. Ao dar essa liberdade aos alunos, Sílvia permitiu que cada um registrasse “o que conseguia ou achava importante naquele momento”. Outras atividades foram desenvolvidas para estimular a reflexão sobre as letras iniciais. Em uma delas, Sílvia criou o ‘baú dos objetos’, de onde ela tirava três itens e perguntava o que todos tinham de igual: em um dos exemplos, a resposta era que todos começavam com ‘B’.
Após o projeto, Sílvia atestou que a maioria dos alunos conheciam as letras do alfabeto e já estavam começando a escrever – e também demonstravam esse conhecimento fora das atividades didáticas. “Após termos estudado a letra ‘A’ e ido almoçar, um aluno disse: ‘Ô profe, ‘almoço’ também se escreve com A’”, exemplifica a professora.
A linguagem da culinária
Atividade utiliza receitas para analisar aspectos linguísticos desses textos
Por Poliana Moreira
A receita culinária foi o gênero textual escolhido pela professora Faiane Monteiro Pereira para valorizar o uso da escrita no cotidiano e desenvolver análises linguísticas com sua turma do 3º ano da Escola Pedro Leite Monteiro, localizada em Trindade (PE). De início, a professora deixou seus alunos à vontade para que cada um pesquisasse e escrevesse sua receita, para então iniciar as atividades de reflexão sobre o funcionamento da língua dentro desse gênero.
Em um primeiro momento, o trabalho foi focado na análise de palavras, passando tanto pelo campo da ortografia quanto pela semântica. “Muitos deles não sabiam o que significava a palavra ‘ingredientes’, não a escreviam começando com ‘i’ ou trocavam o ‘n’ pelo ‘m’”, exemplifica Faiane.
Em seguida, a professora aproveitou o caráter instrucional da receita para trabalhar com noções relacionadas ao verbo. No primeiro momento, relata Faiane, os alunos não sabiam bem em que tempo e modo verbal deveriam escrever, o que foi sendo trabalhado a partir de explicações da professora e da reescrita. “Eles escreviam ‘eu coloquei...’, então eu expliquei que eles estavam ensinando uma pessoa a executar aquela receita e que isso pedia que eles utilizassem o verbo no imperativo”, conta a professora.
Além de contribuir para a compreensão das características do gênero textual receita, permitindo que os alunos percebessem a importância de se obedecer às quantidades e ao passo a passo determinado pelo texto, a atividade ainda uniu conteúdos matemáticos, ao fazer com que os alunos pesquisassem o custo da receita e trabalhassem com grandezas e medidas em situações-problema.