Classificados - Jornal Letra A 42


     

Letra A • Quinta-feira, 13 de Agosto de 2015, 14:23:00

Das unidades às dezenas

Cada criança produz seu fio de contas para aprender conceitos ligados à contagem e ao sistema de numeração decimal

Por Guilherme Rabello

Quando estão sendo introduzidas aos conceitos matemáticos, as crianças precisam de um suporte concreto para ajudá-las nas contas, por exemplo, usando os dedinhos. Pensando nisso, a professora Louisianne Bonzanini, da Escola Municipal Professora Gladis Maria Tibola, em Cascavel (PR), resolveu adotar um material para auxiliar no processo: o fio de contas.

Louisianne, que leciona para o 1º ano, levou um fio de contas para a sala de aula e perguntou se alguém sabia o que era. Alguns arriscaram ser uma pulseira, outros, um colar, mas apenas um tinha a resposta na ponta da língua, porque a mãe, professora, já havia lhe mostrado. Louisianne completou a explicação, dizendo se tratar de um material didático feito de barbante e miçangas grandes (chamadas de contas), que pode ser usado para fazer operações matemáticas. Depois da primeira apresentação, os alunos tiveram a tarefa de confeccionar seu próprio fio de contas. Cada um recebeu um saquinho com 40 unidades de contas (20 azuis e 20 marrons), que primeiro foram separadas pela cor em dois copos distintos. Após essa classificação, eles tinham de preencher o cordão em quatro partes iguais, intercalando uma dezena de cada cor. “Eles mesmos colocavam, contavam e separavam as contas no fio. Com isso, a gente conseguiu trabalhar classificação, seriação, contagem e a relação número/quantidade, já que, se eles colocassem errado, ia faltar (ou sobrar) para preencher depois.”

Ao final, Louisianne questionou: “Quantas contas vocês acham que tem o fio?” 10, 30, 100: os alunos arriscavam. Contaram uma fileira azul e notaram que havia 10, para, em seguida, um aluno dizer que as outras também teriam 10, por serem do mesmo tamanho. Aos poucos, dando espaço para que os alunos levantassem suas hipóteses, Louisianne trabalhou com a turma a relação de que 10 unidades formavam uma dezena.

 

Incluindo toda a turma

Professora ensina criança com TGD com atividades semelhantes para toda a classe

Por Leíse Costa

No primeiro semestre de 2014, Karla Freitas Farias recebeu o laudo de uma nova aluna, que trazia descrições como agressiva e impetuosa e alertava a não deixá-la próxima de objetos pontiagudos. O diagnóstico, dado por um neurologista, era de que a aluna tinha transtorno global do desenvolvimento (TGD), o que implicava em atraso simultâneo no desenvolvimento de funções básicas, incluindo socialização e comunicação. A criança de 7 anos apresentava dificuldades de concentração e ainda não escrevia.

 Professora da Escola Municipal Quintino Pereira de Freitas, em Cuiabá (MT), Karla conta que o começo da relação foi o momento mais difícil, mas também primordial para determinar a jornada da aluna ao longo do ano. “Quando a recebi em sala, fiquei o mais próximo dela para que pudesse conhecer todas suas características, as coisas de que ela gostava, porque era isso que eu poderia trabalhar com ela e a favor dela depois.”

No ínicio, a aluna recebia material adaptado a suas condições, mas, mesmo com o uso de objetos coloridos e criativos, ficava indiferente à atividade. A professora passou a organizar a sala em grupos para que todos trabalhassem com materiais iguais aos da colega, mesmo que com outras finalidades, mantendo a sequência didática planejada para os demais. “Foi uma das minhas estratégias: todos brincando da mesma brincadeira. Assim, ela criou gosto pelas atividades”, conta. Uma das brincadeiras que mais agradou a criança foi a Dúzia e meia dúzia: “Enchemos os ovos de papel machê e disse que eram de verdade. À medida que eu pedia: ‘quero meia dúzia’, ‘quero duas dúzias’, ela separava. Percebi que ela gostou muito porque necessitava de uma delicadeza para manusear”, lembra a professora.

 

Terminou em pizza

Alunos vão até a cozinha e colocam a mão na massa para consolidar conhecimentos matemáticos

Por Poliana Moreira

Enquanto alguns alunos cortam os tomates, alguns fatiam a calabresa e outros preparam a massa que vai receber o recheio da pizza. O que mais parece uma atividade de culinária é uma aula de Matemática da professora Mayara de Lima, com uma turma multisseriada de 2º e 3º anos da Escola Intermediária Maria do Socorro de Freitas, na zona rural de Caruaru (PE).

Logo no começo a professora criou diversas situações-problema para os alunos exercitarem os conhecimentos matemáticos. “Eles tiveram que calcular quantas pizzas seriam necessárias para a turma, a quantidade de ingredientes para produzir o total de pizzas e ainda quanto cada aluno precisaria pagar”, conta Mayara.

A professora adaptou a atividade à realidade das crianças, que são de uma comunidade campesina. “Fizemos um levantamento dos produtos que os alunos cultivavam em casa e poderiam contribuir com o trabalho, como: leite, ovos, tomate, cebola etc. Após o levantamento, somamos os preços do que seria necessário comprar.” Assim, também tiveram a oportunidade de interagir com a comunidade, indo até mercados para pesquisar e comparar preços.

O trabalho também teve caráter interdisciplinar, já que explorou eixos da leitura e da escrita. “Trabalhamos com o texto instrucional, listas temáticas e nomes de produtos para fazer a lista de compras”, cita a professora. Para finalizar, a turma foi para a cozinha e colocou a mão na massa. 

 

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