Conexões no museu
Possibilidades educativas em espaços de exposição e valorização da cultura e do conhecimento
Letra A • Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2016, 15:33:00
Por Poliana Moreira
É mais uma noite em que o Museu das Minas e do Metal, localizado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte (MG), abre suas portas. A turma de visitantes é formada por professores, que, organizados em círculo, recebem dos responsáveis pela visita as primeiras orientações. Além disso, cada um ganha uma fita de papel. Sem demora, as fitas ganham forma. Após uma meia volta em uma das pontas, e unidas as extremidades, surge a fita de Möbius: o formato, associado a um caminho infinito, é utilizado pela equipe educativa para representar as múltiplas possibilidades de percurso dentro de um museu, lugar onde várias temáticas estão presentes e se conectam das mais diversas maneiras.
Tradicionalmente, os museus seriam espaços de exposição e valorização de coleções artísticas, históricas ou científicas, mas a variedade de patrimônios culturais compartilhados nesses locais aumenta na contemporaneidade. Nesse sentido, a professora de Museologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Mannuella Luz cita o exemplo Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos, de Belo Horizonte. “O Muquifu reúne objetos que não cabem nas concepções tradicionais de categorização museológica, mas que, por meio da iniciativa da população de valorizar a cultura produzida localmente e contar a sua história, formaram uma coleção museológica importante que estreita os laços sociais”, exemplifica.
O contato com esses ambientes na infância é importante, segundo Mannuella Luz, por possibilitar às crianças “estabelecer relações diferentes com os objetos e com o conhecimento”. “A criança pode se deparar com objetos domésticos de tempos passados (semelhantes aos que já tem contato) e com ossadas de dinossauros (distantes da sua realidade física); esse contato vai produzir indagações e permitir que a criança amplie seu modo de ver o mundo”, afirma.