Conversa que segue
A oralidade foi o assunto da vez no último encontro do Pnaic 2016, em que o desejo de continuidade do programa tomou conta das falas dos participantes
Acontece • Quarta-feira, 07 de Dezembro de 2016, 10:47:00
Mais um ciclo do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa envolvendo o Ceale e mais de 100 municípios mineiros se encerrou nesta segunda (5), com o III Encontro de Formação do Pnaic 2016. O evento foi aberto com uma fala da coordenadora-adjunta do programa na UFMG e diretora do Ceale, Valéria Resende, que expressou o desejo de continuidade do programa. “No que depender da coordenação, vamos buscar continuar com esse programa, que, apesar dos limites, consideramos ter um formato que fortalece os formadores e tem auxiliado na formação dos alunos na fase da alfabetização”. Na sequência, a banda The Lee Gang, que toca estilos musicais tradicionais dos Estados Unidos, como folk e blues, realizou a apresentação cultural do encontro.
Em entrevista ao Portal do Ceale, a coordenadora-geral do Pnaic na UFMG, Isabel Frade, falou sobre os principais objetivos do programa neste ano, “A proposta foi a de trabalhar com a análise dos resultados da avaliação nacional vinculada a conteúdos de formação em oralidade-escrita e aos materiais didáticos”. Sobre o último encontro, ela explicou que a escolha da discussão sobre a relação entre oralidade e escrita se deu por ser um tema “ainda pouco trabalhado na alfabetização, um tema mais candente e ao mesmo tempo mais emergente”.
Para realizarem exposições sobre o tema, foram convidadas duas especialistas no assunto. A primeira foi a professora Maria da Graça Costa Val, pesquisadora do Ceale, que realizou a palestra ‘Texto e contexto na oralidade e na escrita: produção de gêneros orais e escritos no ciclo de alfabetização’. “Oralidade e escrita não são dois blocos homogêneos e separados”, ressaltou a palestrante. Um aspecto destacado foi o desenvolvimento do papel de interlocutor e de falante – tanto pela criança quanto pelo professor: “entre as habilidades de produção textual oral e escrita, a mais complexa é a de se colocar no lugar do interlocutor e prever o que ele sabe e o que ele não sabe, o que é preciso lhe dizer explicitamente e o que é possível deixar por conta de sua capacidade de inferência e dos conhecimentos partilhados”. Outro aspecto destacado pela palestrante foi o fato de que nem sempre a criança de 6 a 8 anos já desenvolveu todas as capacidades necessárias para produzir, com autonomia, uma boa narrativa oral ou escrita. Uma dica dada por Maria da Graça nesse sentido é a de pedir para que as crianças se preparem para contar essas histórias com antecedência, ou até mesmo que o formador auxilie o estudante, instigando-o durante a história e elaborando perguntas que mantenham a criança com foco na narrativa.
A segunda palestra, conduzida pela professora Raquel Martins, da Universidade Federal de Lavras, voltou-se para a questão sonora na alfabetização e construção vocabular. Segundo a palestrante, para ser alfabetizado na Língua Portuguesa, que tem um sistema de escrita alfabético, a criança precisa dominar o princípio alfabético, ou seja, a relação “som/letra”, que é fundamental na compreensão para a aprendizagem desse sistema de escrita. Raquel apontou os seis níveis de escrita que existem no proocesso de alfabetização: pré-silábico, silábico, silábico–alfabético, alfabético, alfabético-ortográfico e, finalmente, o ortográfico. Ela ressaltou que “crianças nesse processo de aprendizagem passam por esses níveis; não necessariamente no mesmo ritmo, mas passam”. Um dos pontos destacados por Raquel foi o fato de que, na Língua Portuguesa, nem sempre um som representa ou é representado por apenas uma letra, ou seja, essa correspondência não é exata.
No período da tarde, os participantes se reuniram, como de costume, em grupos menores para trabalhar essas questões apontadas, em atividades nas salas de aula conduzidas pelas onze formadoras do Pnaic 2016 na UFMG. Buscando a aplicação de propostas ligadas a essa relação entre oralidade e escrita, os professores e coordenadores que participaram da formação foram convidados a realizar apresentações de gêneros orais que realizassem uma síntese dos resultados alcançados a partir do Pnaic.
Acesse e assista
Já estão disponíveis as palestras do III Encontro de Formação do Pnaic 2016, com a apresentações em PDF e a filmagem em vídeo
- Texto e contexto na oralidade e na escrita – Maria da Graça Costa Val – Vídeo / PDF
- Relações entre oralidade, escrita e o processo de alfabetização – Raquel Martins – Vídeo / PDF