Currículo
Por Lucíola Licínio de Castro Paixão Santos - professora titular aposentada da FaE/UFMG e professora do Programa de Pós-Graduação da mesma instituição
Letra A • Terça-feira, 22 de Dezembro de 2015, 15:58:00
O Currículo escolar tem sido definido, discutido, compreendido e abordado de diversas maneiras, em função de orientações teóricas diferentes e, consequentemente, de pontos de vista divergentes em relação à educação escolar. Algumas definições enfatizam que o currículo se refere aos conteúdos da educação, sendo, portanto, o conjunto de conhecimentos, valores, formas de conduta que fazem parte de um plano ou de uma proposta educacional. Outra definição, muito difundida, considera o currículo como o conjunto de experiências vivenciadas pelo aluno e planejadas e supervisionadas pela escola. Algumas abordagens dão destaque ao currículo como um processo em que diferentes posições lutam para serem hegemônicas, enquanto outras são silenciadas, o que ocorre não só na elaboração de propostas curriculares, mas também na prática cotidiana das escolas. Estas concepções, na tradição das teorias críticas, enfatizam as relações de poder e de controle social embutidas nas propostas curriculares e as hierarquias construídas em seu interior, uma vez que determinados saberes têm maior prestígio social que outros. As abordagens educacionais alinhadas às teorias críticas enfatizam ainda a necessidade de o currículo, visto como uma seleção feita no interior da cultura, ser orientado por princípios e valores democráticos, voltados para a justiça social. As reflexões e as discussões filiadas às chamadas teorias pós-estruturalistas voltam sua preocupação para os efeitos do currículo, questionando o que os currículos fazem com os alunos, isto é, como produzem determinados interesses, formas de pensamento, sensibilidades, valores e comportamentos sociais. O importante para esta vertente é discutir como o currículo interpela os alunos, estando implicado na construção das subjetividades de crianças e jovens que frequentam a escola. O foco na relação currículo/subjetividades é decorrente da crítica ao caráter homogeneizante de grande parte das propostas curriculares e da preocupação em garantir o direito à diferença, seja ela de origem racial e étnica, seja ela relacionada às questões de gênero, por exemplo.