Dicionário da Alfabetização: Língua de sinais
Letra A 53
Letra A • Segunda-feira, 24 de Agosto de 2020, 16:42:00
A língua de sinais (LS) é uma língua natural, desenvolvida em uma comunidade de usuários de uma língua não verbal — e sim gestual-visual —, que tem o espaço como canal de comunicação. Contudo, as LSs apresentam características que atribuem a elas um caráter específico de língua e que possuem gramática própria, representada em aspectos fonológicos, morfossintáticos e pragmáticos.
A LS não é oriunda de línguas orais e ocorre onde há uma ou mais pessoas surdas. Os usuários das LSs fazem o uso dessa forma de comunicação entre seus pares linguísticos onde existe agrupamento de surdos que compartilham o mesmo espaço, como escolas, igrejas, pontos de encontros, clubes e associações.
Apesar de não ter territorialidade, a LS não é universal. Por exemplo, nos Estados Unidos, os surdos se comunicam pela Língua de Sinais Americana (ASL); na França, pela Língua Francesa de Sinais (LSF), e, no Brasil, pela Língua Brasileira de Sinais (Libras). A Libras é uma língua urbana difundida em todo o estado brasileiro, assim considerada língua nacional e reconhecida pela Lei 10.436/2002.
Existem componentes que estruturam os sinais, conhecidos como os cinco parâmetros da LS, quais sejam: (i) configuração de mão — a forma da mão que compõe a estrutura do sinal; (ii) ponto de articulação — indica onde o sinal pode ser tocado no corpo ou no espaço; (iii) movimento — referente ao modo como as mãos se movimentam e para onde estão se movimentando; (iv) orientação — a direção para a qual a palma da mão aponta quando produzimos o sinal; e (v) expressões não-manuais — expressões faciais e corporais, movimentos do corpo, da face, da cabeça e dos olhos no momento da articulação do sinal.
O primeiro estudioso da LS foi William Stokoe, nos anos 1960, que pesquisou a ASL. No Brasil, as primeiras pesquisadoras foram Lucinda Ferreira-Brito, Tanya Felipe, Ronice Quadros e Lodenir Karnopp, somente a partir da segunda metade da década de 1990.