Dicionário da Alfabetização: Pedagogias decoloniais

Letra A 56


     

Letra A • Quarta-feira, 26 de Outubro de 2022, 01:51:00

 
Pedagogias Decoloniais é um conceito novo que surge nos debates brasileiros nos últimos 15 anos. Tem sua origem a partir de uma rede de pesquisas denominada “Modernidade/Colonialidade”, constituída no início dos anos 2000 e que apresentou formulações teóricas de alguns intelectuais latino-americanos que buscavam propor uma nova perspectiva epistêmica de interpretação da realidade latino-americana. Esses intelectuais apresentaram uma construção alternativa à modernidade eurocêntrica, tanto no seu projeto de civilização quanto em suas propostas epistêmicas. E nessa, o conceito de colonialidade é central. Colonialidade significa um padrão de poder que emerge junto ao colonialismo moderno, que não se refere somente à relação de poder político entre povos ou nações, mas à forma como as relações de trabalho, de autoridade, de conhecimento, e das relações intersubjetivas se articulam entre elas através do mercado capitalista e a ideia de raça. Se contrapondo à colonialidade, algumas pesquisadoras cunham o termo Pedagogias Decoloniais. O termo decolonial faz referência às possibilidades de um pensamento crítico a partir dos subalternizados pela modernidade capitalista e a tentativa de construção de um projeto teórico de repensamento crítico e transdisciplinar para se contrapor ao padrão de poder colonial eurocêntrico.
Pedagogias decoloniais, portanto, é expressar a crítica teórica e militante à colonialidade e uma práxis pedagógica insurgente e propositiva. É pensar e intervir na realidade a partir dos sujeitos subalternizados pela colonialidade. São atos políticos interculturais e contra todas as formas de exploração e opressão constituídas pela Modernidade/Colonialidade. Pedagogias decoloniais é produção de conhecimento junto/com os movimentos sociais, é aprender a desaprender as marcas coloniais de nossa formação e reaprender novas perspectivas de mundo, enfim, é aprender a desaprender para reaprender novas posturas, novas ações de luta, novas ideias para um Bem Viver.
 
Luiz Fernandes de Oliveira – Militante do Instituto Búzios e Ogâ do Ilê Axé Iyá Nassô Oká – Ilê Oxum. Membro do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Movimentos Sociais e Culturas (GPMC). Professor da Licenciatura em Educação do Campo, do Programa de Pós-Graduação em Educação na UFRRJ e Doutor em Educação pela PUC – Rio.