Donos do jogo

Jogos pedagógicos garantem o protagonismo do aluno e contribuem para a construção de conhecimentos matemáticos


     

Letra A • Quinta-feira, 13 de Agosto de 2015, 14:50:00

por Leíse Costa

Par ou ímpar? Nessa brincadeira simples, a criança está construindo conhecimento sobre o sistema de numeração, ao mesmo tempo em que busca uma vantagem em uma disputa. Aproveitar na escola essa interação própria do jogo, que desperta os espíritos de competição e cooperação e demanda a participação ativa da criança, foi uma das principais estratégias do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). A orientadora de estudos Jerusa de Pinho Tavares, de Belo Horizonte (MG), destaca: “jogar proporciona ao aluno o que temos chamado, na formação, de protagonismo estudantil, que é a oportunidade do aluno de atuar na construção de conhecimentos.”

O número de jogos disponíveis é enorme. Por isso, no momento da escolha, a professora do Ensino Fundamental Gláucia Vieira, formadora do Pnaic na UFMG, alerta que o importante não é o jogo em si, mas a finalidade pedagógica ao escolhê-lo. “Às vezes, em um jogo para afalbetização, o professor acaba mobilizando habilidades matemáticas. Mas, se ele não teve essa intencionalidade, ou não percebeu essa possibilidade, então aquele jogo não foi totalmente explorado pedagogicamente”, ressalta. Por esse motivo, o professor deve se nortear pelo conteúdo que quer trabalhar, para só depois selecionar o jogo que melhor atende àquela intencionalidade.

Entre clássicos e novidades, confira abaixo três brincadeiras indicadas por diferentes professoras para ensinar Matemática.

 

Boliche

BOLICHE

Conhecimentos trabalhados: adição, noções de distância, raciocínio, construção e interpretação de gráfico

A conhecida brincadeira cujo objetivo é derrubar, com uma bola, uma série de pinos alinhados é excelente alternativa para trabalhar adição. Primeiro, separe as crianças em equipes. Segundo a professora da rede pública de Igarapé (MG) Ivonete Cândida Tutra, a divisão “proporciona às crianças que estão no mesmo grupo os atos de cooperação e raciocínio e, entre as equipes, uma dose salutar de competitividade.”

Durante o jogo: Faça intervenções, questionando: “Quantos pontos faltam para empatar?”, “Quanto falta para equipe X completar 10 pontos?”, ”Quantos pontos o colega deverá fazer para ganhar o jogo?”

Depois do jogo: Peça que um de cada equipe mostre para a classe seu placar na competição. Para ajudar a criança a“materializar” o algoritmo da adição, utilize um material concreto para a contagem, como palitinhos de picolé ou tampinhas. Posteriormente, um gráfico com os nomes dos que mais pontuaram pode ser feito em cartolina.

 

Olhos vendados

OLHOS VENDADOS

Conhecimentos trabalhados: noções de localização e percepção espacial, interpretação de dados, memória

“Para ensinar sobre deslocamento no espaço, para que a criança compreenda um croqui ou desenhe uma representação no mapa, nós precisamos colocar esses alunos para se deslocar”, recomenda Gláucia Vieira. Nos moldes da brincadeira “cabra-cega”, um dos participantes com os olhos vendados será guiado pelos outros alunos ao percorrer a sala de aula.

Durante o jogo: Posicione a criança com os olhos vendados no centro da sala e sugira ordens do tipo “cinco passos para a direita”, “dois passos para frente”. Com o auxílio de um apito, a professora determina o momento em que as ordens param e a criança deve responder a questões como: “Onde você está?”, “Está mais próximo da lixeira ou da porta?”, “Está longe ou perto do quadro?”

Depois do jogo: Sem a venda nos olhos, peça que o aluno demonstre o caminho que percorreu. Além de estimular a memória, isso demanda da criança uma organização mental de espacialidade e o uso adequado da linguagem para se expressar, já que ela terá de descrever aos colegas seu trajeto. Mais tarde, essa atividade pode ser concretizada pela construção de uma maquete que represente a sala de aula.

 

Desafio gude

 

DESAFIO GUDE

Conhecimentos trabalhados: multiplicação, adição, comparações, análise de dados

A professora do Centro Pedagógico da UFMG Ruana Brito, formadora do Pnaic, considera o desafio gude ideal para trabalhar a multiplicação com sua turma de 3º ano.Para jogar, desenhe no chão o esquema representado acima.

Forme grupos de 3 ou 4 alunos. Coloque 12 bolinhas de gude no centro do círculo e separe uma bolinha especial, de tamanho e cor diferentes. O objetivo é usar a bolinha especial para tirar as demais do círculo, passando-as para o triângulo ou para o quadrado, conforme a tabela de pontuação:

- Bolinha no triângulo vale 6 pontos

- Bolinha no quadrado vale 3 pontos

- Bolinha fora do quadrado vale 1 ponto

Durante o jogo: O professor deve estimular os alunos a registrarem suas jogadas e os resultados obtidos.

Depois do jogo: Com os devidos registros, o professor fará a análise dos resultados, sempre indagando: “Quem fez mais pontos? Quem fez menos? Quantos?”,“Qual a expressão matemática obtida?”,“Quantos pontos o aluno X precisaria para alcançar o aluno Y?”