Editorial: Um jornal sobre ler e escrever


     

Letra A • Sexta-feira, 15 de Maio de 2015, 15:14:00

 

O jornal Letra A faz 10 anos. Refletindo sobre o que constitui um periódico, no seu sentido estrito, temos cumprido a tarefa de publicar, de forma ininterrupta, um exemplar a cada três meses. Para além da regularidade de sua produção, o jornal Letra A concretiza a função social de manter os leitores informados sobre acontecimentos de uma área. Nessa direção, temos buscado atingir esse objetivo de forma diferenciada, pois o campo da educação e da alfabetização não se nutre apenas de fatos novos: nossos acontecimentos são gestados em ações e reflexões sobre o fenômeno do ler e escrever, às vezes acompanhando a atualidade de uma política, de um quadro teórico, de novas metodologias, mas sempre num contínuo, com questões permanentes que enquadram a realidade da pesquisa e da sala de aula. Por esse motivo, nosso jornal não se pauta pela novidade, mas pelos múltiplos desafios da realidade educacional.

Outra função que cumpre o jornal, pela sua especificidade, é constituir, construir e manter acesa determinada comunidade de leitores que espera receber textos que atendam a seu horizonte de expectativas. Frequentemente recebemos manifestações de leitores que enfatizam a identificação do jornal com as práticas alfabetizadoras, o que é um indicativo de que a linha temática está claramente delineada. Esperamos que a comunidade de pesquisadores também se identifique com as problemáticas inerentes a um campo de pesquisa amplo e complexo. Do jornal participam esses dois segmentos que dialogam e cruzam suas páginas: professores e pesquisadores, que são fonte para as reportagens, que emitem opiniões ou escrevem verbetes, que contam suas experiências em seções específicas e que são mostrados em diferentes perfis.

A ideia de ida e volta na realidade educacional, de novidade e permanência, também está presente nas páginas deste número, que mostra, em várias editorias, o desafio das novas linguagens, sejam aquelas que aparecem em gêneros específicos, como jogos, sejam aquelas que aparecem em diferentes suportes-esferas, indicando diferentes alfabetizações, que ainda convivem com as mais permanentes, como as linguagens maternas e “estrangeiras”, que estão presentes nas diferentes comunidades linguísticas, como no exemplo da Libras na educação de surdos e ouvintes.

Mesmo sabendo que diferentes alfabetizações são necessárias, o que nos ensina a matéria denominada “Sentar para ler: um momento especial” é que o ato de ler – e se transformar pelo contato com outras realidades – continua permanente em seu sentido mais amplo, como prática libertadora que faz com que os sujeitos melhorem seu “entendimento intercultural, social e emocional sobre a condição de vida de várias pessoas”. Em um mundo de tantas novidades tecnológicas que nos desafiam, por que não começar com decifrar os segredos de um livro impresso?

O Letra A completa 10 anos no mesmo momento em que o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita faz 25 anos, daí dois selos comemorativos que aparecem nesta edição. Neste ano ainda, a fundadora do Ceale e nossa companheira de trabalho, Magda Soares, recebeu um dos maiores prêmios científicos do país, o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, o que denota a importância da educação, da alfabetização e do letramento na área de Ciências Humanas, Sociais, Letras e Artes. Que Magda continue a inspirar nossos leitores como tem nos inspirado em tantas ações do Ceale, como esta tão especial: a publicação, por 10 anos, do jornal Letra A!