Estudantes da Pedagogia Intercultural Indígena visitam o Laboratório de Alfabetização e Letramento

Alunos das etnias Pataxó de Minas Gerais, Pataxó da Bahia e Xakriabá conheceram alguns recursos utilizados pelo LAL/Ceale


     

Geral • Terça-feira, 05 de Novembro de 2024, 18:36:00

Na última segunda-feira, 4/11, o Laboratório de Alfabetização e Letramento (LAL), vinculado ao Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) recebeu estudantes do Curso de Pedagogia Intercultural Indígena, da Faculdade de Educação da UFMG, em uma interface com a disciplina Processos de Ensino e Aprendizagem da Leitura e Escrita I, ministrada pela professora Valéria Barbosa Machado. Os estudantes das etnias Pataxó de Minas Gerais, Pataxó da Bahia e Xakriabá puderam conhecer algumas atividades propostas pelo LAL. 
A visita, que integra a ação “Encontros no LAL”, foi marcada por trocas de saberes e realização de atividades alfabetizadoras lúdicas entre os estudantes, as docentes e as bolsistas. Foi possível perceber o que está sendo feito pelo Laboratório, bem como refletir sobre diferentes formas de produzir aprendizado na sala de aula.
 
     
 
As bolsistas do Laboratório de Alfabetização e Letramento apresentaram uma sequência didática realizada na Escola Municipal Aurélio Pires, instituição parceira do LAL, da rede pública de Belo Horizonte. Os estudantes indígenas também puderam experienciar a prática do jogo Palavra Secreta, que é utilizado como recurso alfabetizador.
   
As coordenadoras do LAL, Daniela Montuani e Maria José Francisco de Souza, junto às bolsistas, também apresentaram parte do acervo do laboratório, composto por livros, jogos de tabuleiro, dentre outros recursos didáticos, como letras móveis feitas a partir de materiais reciclados e lousas imantadas.   
 
Rony Pataxó, de Porto Seguro - Bahia, aluno do curso de Pedagogia Intercultural Indígena, reforça os desafios que a educação indígena tem enfrentado nos últimos anos.
 
"Sabemos que, depois da pandemia e do que ocorreu de lá para cá, não foi fácil para nossas escolas indígenas. A questão do letramento e da alfabetização sofreu um grande impacto nas comunidades. Alunos estão chegando nas séries finais ainda com dificuldades de leitura e escrita.Falo isso não só por nós, mas também por outros colegas profissionais da educação escolar indígena, que vieram em busca de mais técnicas para ler, alfabetizar e ajudar nossos alunos", conta.
 
Gilson, da etnia Xakriabá e também aluno do curso, compartilhou suas impressões sobre as práticas pedagógicas observadas no evento recente e destacou o papel dos jogos educativos no processo de alfabetização. Para ele, essa experiência é particularmente relevante para superar desafios encontrados em sala de aula.
 
"Hoje pudemos observar diversas práticas, principalmente com relação aos jogos pedagógicos, que são uma das práticas mais presentes na alfabetização.Vejo os jogos como uma forma que ajuda bastante na alfabetização e letramento das crianças, principalmente aquelas que têm dificuldade na questão da alfabetização", reforça.
 
Kutiá, da etnia Pataxó de Minas Gerais, ressaltou o valor de práticas diferenciadas para o ensino nas escolas indígenas. Ela destaca como essas atividades podem enriquecer a educação e facilitar o aprendizado dos estudantes.
 
"O encontro de hoje foi muito rico. A gente está levando para dentro das escolas indígenas uma educação diferenciada com nossas crianças. Tivemos uma experiência com jogos criativos, que podemos criar e usar para auxiliar na alfabetização e no letramento”, destaca.
 
 
Houve sorteio de um exemplar físico do livro “Jogos de Alfabetização”, organizado pelas professoras Daniela Montuani e Maria José Francisco de Souza. A obra traz jogos e recursos didáticos para ensinar o sistema de escrita alfabética e aborda habilidades como análise fonológica, grafofônica e o reconhecimento de letras e escrita de palavras. 
 
O livro inclui materiais para impressão (fichas, cartelas, tabuleiros) e sugere atividades pedagógicas antes, durante e após os jogos para otimizar o planejamento e o desenvolvimento das habilidades de alfabetização.
 
A versão digital da produção pode ser baixada de forma gratuita no site da Editora CRV.